04/04/2010

Yo La Tengo entre o som e a fúria

Os Yo La Tengo têm uma classe, um charme próprio que o quarto de século de estrada lhes deu, mas é um charme algo desajeitado - como no início, em 1984. O guitarrista Ira Kaplan, então, rivaliza com Thurston Moore (dos Sonic Youth) na pele de eterno adolescente: ele, a t-shirt, os jeans e os ténis All Star são inseparáveis. A acompanhá-lo no concerto deste domingo na Aula Magna, como sempre desde que estabilizaram como trio, estiveram a esposa Georgia Hubley (magistral na bateria, doce na voz) e o mais reservado James McNew a distribuir gordas linhas de baixo.

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Owen Pallett, um violino no teatro

Final Fantasy, agora Owen Pallett para evitar problemas de direitos de autor, é um fenómeno estranho. Discreto mas impecável no seu conjunto de camisa branca e calça preta (a fazer lembrar o grilo falante dos livros infantis), o compositor canadiano ganhou nome ao co-assinar os arranjos de violino dos conterrâneos Arcade Fire. Sozinho, editou dois álbuns em anos sucessivos e "Heartland" já neste 2010. Mas nada disto explica as duas datas esgotadas no Teatro Maria Matos, em Lisboa, nem a absoluta rendição do público. Enfim, há coisas sem explicação.

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Coffee Breakz em mira técnica




J Dilla

J Dilla (na foto), King Midas Sound, Prince, Motor City Drum Ensemble e Joy Orbinson remisturado são alguns dos convidados da próxima edição do Coffee Breakz. Como sempre, a não perder... se não estiver nada interessante a passar na televisão!

01 Washed Out Get Up
02 Lukid Veto
03 King Midas Sound Lost
04 Rotating Assembly Orchestra Hall
05 Anthony Shakir Shake It Up Dub (Remix)
06 Robert Owens Bring Down the Walls
07 Lone Once in a While
08 Jacob Korn Grosskariert
09 Joy Orbison The Shrew Would Have Cushioned the Blow (Actress remix)
10 Prince When Doves Cry
11 Dez Williams Abandoned Emotions
12 DJ Duke Future Blast
13 Glass Domain Interlock
14 Drexciya Lost Vessel
15 The Future Daz
16 Aardvarck Tulti
17 Motor City Drum Ensemble Raw Cuts #5
18 Basic Soul Unit Hopy Unity Vision
19 Adonis No Way Back
20 K-Alexi Vertigo
21 J Dilla Nothing Like This

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emitido a 09 Março


Strong Arm Steady - In Search of Stoney Jackson




Strong Arm Steady - In Search of Stoney Jackson

2010
Stones Throw / Flur

Continua o concurso de pilas entre as costas leste e ocidental dos EUA, com novos argumentos para LA num disco produzido por Madlib.

Nas convenções do hip-hop americano que interessa, o Wu-Tang Clan ocupará sempre a cadeira de embaixador da costa leste. Mesmo que o clã ande meio desmembrado (sobretudo depois da morte de Ol' Dirty Bastard, em 2004) e comece a consentir mais espaço e projecção a gente como Jay-Z, as ruas da East Coast pertencem por legítimo direito a RZA, GZA, Raekwon, Method Man, Ghostface Killah e restantes membros.

Do outro lado da América, a voz do gueto sempre se ouviu mais em cidades como Los Angeles e São Francisco. Foi esse o epicentro do hip-hop da costa ocidental, com os históricos N.W.A. à cabeça. No entanto, no final dos anos 1990, Nova Iorque voltou a reclamar o protagonismo entretanto perdido, enquanto em LA o movimento associado à Death Row Records (selo fundado por Dr. Dre e morada de 2Pac e Snoop Dogg) começava a fraquejar com batalhas legais à mistura.

Os Strong Arm Steady (SAS) foram contemporâneos desse desabrochar e posterior declínio do gangsta rap ocidental. Formado em 2003, o colectivo chegou a ter oito elementos (uma espécie de clã da West Coast) mas, nos últimos anos, o miolo foi sendo reduzido até chegar ao formato actual de trio: o albino Krondon, Phil Da Agony (parte dos Barbershop MCs) e Mitchy Slick. Natural de San Diego, este último passou a integrar a massa criativa dos SAS depois de colaborar com Xzibit, contribuindo de forma decisiva para impulsionar o grupo no florescente mercado de mixtapes.

A troca de cassetes no underground de LA foi, de resto, um dos principais motores da divulgação do som dos Strong Arm Steady. Em 2007, gravaram finalmente o disco de estreia, Deep Hearted, que abre com citação de Jack Nicholson. Três anos depois, sai este In Search of Stoney Jackson (de novo, a homenagear um actor), um disco produzido por Madlib e com o selo da obrigatória Stones Throw. Já agora, consta que o "beat junkie" J.Rocc forneceu quase duas centenas de bases para o grupo trabalhar.

A referência às convenções no início do texto não foi casual: este disco parece uma reunião magna do hip-hop, com alguns dos mais relevantes produtores da actualidade, de Talib Kweli a Oh No (o irmão mais novo de Madlib). Da balada soul na inaugural "Best of Times" ao name-dropping desgovernado (Eminem, Ice Cube, 50 Cent, Andre 3000, LL Cool J, ...) em "Bark Like a Dog", já perto do fim, o álbum cresce em acutilância como se estivesse num comício de pilas apostado em ganhar. Em "Chittlins & Pepsi", por exemplo, que conta com a incrível voz de Planet Asia, o verso "that's why I got you pregnant 'cause your pussy was fertile" faz corar até o mais debochado.

Só pelo verso em cima, pela presença de Kweli em "Get Started" e pelo toasting de Guilty Simpson em "Needle in the Haystack", já valia a pena deitar a mão a In Search of Stoney Jackson. Ponto final.

http://www.bodyspace.net/album.php?album_id=1756


28/03/2010

The Poppers: o rock veio de vespa

O rock quer-se perigoso, infectado e cheio de nervo mas não necessariamente de novidade (já tudo foi inventado, como se sabe). Ninguém, no seu perfeito juízo, espera que uma canção - uma só canção - mude o mundo. Mas, a avaliar pelo concerto deste sábado de apresentação do segundo álbum, "Up With Lust", os Poppers começam a mudar a vida de alguns. Com a sala 2 do Cinema São Jorge, em Lisboa, a cerca de dois terços da capacidade, a banda dos Olivais apresentou-se em impecáveis fatos retro e cheia de uma coolness devedora à subcultura mod, que estoirou na Londres dos 60 e encheu as ruas de scooters.

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