29/06/2009

o complexo de michael jackson

1. Uma das formas mais eficazes de destruir a vida de alguém (há quem, por inveja, ciúme ou qualquer outra malformação, se dedique a esta merda) é acusá-lo de abuso sexual de menores. É algo que nunca descola: mesmo que a pessoa prove a sua inocência e seja absolvida, em rigor a suspeita nunca desaparece. A justiça popular é ainda mais implacável do que a justiça dos tribunais porque é exercida pelos polícias da moral, pessoas sem um pingo de humanidade ou decoro que lembram cães vadios a farejar sacos de lixo em busca de comida.

2. Ora, a morte pode ter um efeito muito perigoso: por vezes, o seu manto cobre de flores a pessoa que leva consigo e chega a inocentá-la ou a minorar os danos do que fez em vida (não quero aqui fazer isso). Recentemente, vi muita gente fazer isso com Jörg Haider. Vítima de acidente ao volante, lá estava ele a ganhar forma de anjo na imprensa e nas bocas do café. Já tudo se lhe tinha perdoado. Haider não era mais o imbecil racista, extremista e xenófobo. Com a morte, subitamente ganhara humanidade. Isto sempre me provocou um profundo e intestino nojo. Vivo ou morto, Haider é um monte de esterco.

3. Não quero pôr as mãos no fogo por ninguém e reconheço que os tribunais também se enganam ou são passíveis de corrupção. Mas vou tentar suspender as teorias da conspiração e limitar-me a ser pragmático: Michael Jackson foi acusado de abusos sexuais de menores, respondeu em tribunal e acabou absolvido. Como sabemos e como é regra nestes casos, nunca a suspeita descolou dele. A acusação foi a sua segunda morte, ele que já havia morrido há muito enquanto músico.

Soube da sua terceira morte (definitiva, física, real) às 11 da noite de quinta-feira. Estava a chegar a casa e o auto-rádio dizia-me que o homem estava em coma. Fiquei chocado. No dia seguinte, com o passar das horas, o choque deu lugar à angústia. Não chorei esta morte, da mesma forma que não choro os meus mortos.

O que mais me intrigava na figura dele era a criança em corpo de homem. Michael Jackson sofria do complexo de Peter Pan. Nunca cresceu, nunca se tornou adulto. Começou a gravar ainda miúdo, aos cinco anos já fazia parte dessa indústria sanguessuga que é a indústria da música. Na hora da sua morte, só sei pensar isto: não tenho um particular medo de morrer, tenho é medo de morrer desta forma, sem que me seja devolvida a inocência que me é devida.


25/06/2009

histórias de amor

Acordamos todas as manhãs por alguém que não nós, alguém que nos completa mesmo que (ainda) não exista para nós. Mas, distraídos e enfadonhos como somos, esquecemos uma regra essencial: todas as histórias de amor têm um final trágico. Todas.

Não é cinismo nem há excepções a esta regra.

É pura ingenuidade pensar o oposto.


24/06/2009

Aventuras no sol de Sun Ra




Sun Ra

Esta semana, o Coffee Breakz apresenta a primeira parte das "Adventures on the Sun", um projecto em que vários produtores fazem uma revisão da música de Sun Ra (na foto). Vamos ouvir um dos mais importantes compositores de jazz de sempre reinterpretado por Ras G de LA, Elaquent do Canadá, Powell de Paris e Ichiro de Tóquio, entre muitos outros, numa verdadeira sociedade das nações.

Electric Egypt the invisible spectrum
Ras_G jouful noise!!!
Space Monk hello sun ra
Afro Bluu all systems go
SoulJim sun ra beat
Ichiro mori
Movementss cosmos
Powell popcorn contact
Skipless sometimes the universe speech
Samon Kawamura antique black
Sauce travel
SK.ILL 5:49 in the a.m.
Blak Maul china gate
Space Monk majestic waves
Stevo into the sun
Sudan Life what i learned from le sony’r
Elaquent calling planet earth
The Billion Dollar Quartet sun ra project
Cozmos one for the sun
Infinite Potentials not like planet earth
SK.ILL graveyard planet
-G-R-A-D-E- summer in paris
Ravage Beats 2012 sun ra 2012 mix
Don Bo anhk
Blunted Monks lars vertoht de sun ra et
Samon Kawamura imagination
Soul Kid shine like the sun
SoulJim Moon Shoes
-G-R-A-D-E- bad character
Dank Grooves the final sun
Jomac sun rawness
The Samurai i am sun ra
Depakote one for the sun
Sun Ra space is the place (Live)

Clicar para ouvir ou guardar

emitido a 26 Maio


20/06/2009

Norberto Lobo - Pata Lenta




Norberto Lobo - Pata Lenta

Norberto Lobo é um músico ímpar, singular e desafiador. Mas na música dele o desafio nunca se envergonha da tradição, nem podia. Não, esta guitarra acústica vai buscar ao dedilhar americano da "escola" de John Fahey os pontos cardeais, aponta o norte com a bússola de Carlos Paredes e ainda serpenteia, irreverente, à procura de novas direcções. Para tudo isto, é necessário um respeito imenso pelo que ficou dessas linguagens e ainda do bluegrass, da folk e do country.

Para continuar a ler, clicar aqui.


Dirty Projectors - Bitte Orca




Dirty Projectors - Bitte Orca

De repente, chegados ao final da primeira década do novo milénio, olhamos para trás e percebemos que o indie rock de vocação experimental ganhou pleno direito de admissão na piscina dos grandes. Uma música fresca, servida como fruta da época (e assim é que deve ser), que encontra no som dos Beach Boys morada certa de inspiração e esfrega as fracturas expostas da nova e sempre reinventável pop. Logo no primeiro mês do ano, muitos deixaram o aviso: "Merriweather Post Pavilion" dos Animal Collective era disco a lembrar para a lista dos melhores de 2009. A meio do percurso, surge nova palpitação no coração da comunidade crítica: "Bitte Orca".

Para continuar a ler, clicar aqui.


Camera Obscura - My Maudlin Career




Camera Obscura

Os Camera Obscura são o tipo de bandas que geram dúvidas como "será esta música mais apropriada para a Primavera ou para o Outono?". (Nota mental: Beth Orton também.) A pergunta fica sempre sem resposta porque há elementos de ambas as estações na pop da banda de Glasgow. As canções são solarengas, a atmosfera que se respira é até bastante arejada, as letras é que tendem a ser escuras mas bem-humoradas - às vezes, nem é preciso ir além do título: 'Lloyd, I'm Ready to Be Heartbroken' é uma resposta ao clássico de Llody Cole, 'Are You Ready to Be Heartbroken?'.

Para continuar a ler, clicar aqui.


a mosca

A Fernanda Câncio deve andar com falta de assunto para escrever. Não há mal nenhum, pode acontecer a todos. Mas já é um bocadinho desonesto mascarar a sua falta de assunto com a falta de assunto das televisões americanas. Falta por falta, prefiro a falta de assunto das televisões que me mostram o Obama a matar uma mosca durante uma entrevista. Sempre tem mais piada!


18/06/2009

os homens

A ana de amsterdam já tem nome: Ana Cássia Rebelo.
Ela tem graça em quase tudo o que escreve e, mesmo quando não tem razão, tem sempre piada.
Hoje, ela escreveu um post que termina num parágrafo que começa assim:

As mulheres são falsas e parvas. Os homens são só parvos. Acreditam em tudo.

E eu lembrei-me daquela espécie de insectos em que a fêmea, depois do coito, arranca a cabeça do macho. Por brutal e abusada que a imagem seja, fica provado que, tirando esse empurrãozinho na procriação (esse minúsculo e fugaz sentido utilitarista), os homens (os machos) são perfeitamente descartáveis, inúteis e sim, muito parvos.

Um amigo disse-me recentemente que me estou a tornar um perigoso feminista.

(Hoje, a Ana pôs também um vídeo da Mayra Andrade. Gostei.)


15/06/2009

mayra




Mayra Andrade

Esta foto de Mayra Andrade é incrível: o preto e branco cai-lhe bem e varre-lhe o rosto como seda em pele lisa, como as sombras que traz na voz. O colar de pérolas é adereço retro conforme com a idade que a voz diz que ela tem (mas que, na verdade, ela não tem). A face deixada de lado, a cabeça ligeiramente inclinada sobre o ombro esquerdo. Os olhos perdidos mas de expressão doce. E o microfone, o microfone assim colocado quase lembra (lembra mesmo, ou eu não escrevia isto) a Billie Holiday das capas dos discos.

Gosto quase tanto desta fotografia quanto gosto da música de Mayra Andrade. Não há mulher que mais me tenha acompanhado nos últimos dias.


A soul de Mayer Hawthorne




Mayer Hawthorne

Mayer Hawthorne, uma das mais recentes aquisições da Stones Throw, atinge o Coffee Breakz com a seta do Cupido e dá o mote para um olhar atento pelo catálogo recente da editora. Nesta edição, ainda se ouve um violoncelo de Portland, uma versão de Nick Cave e os Tortoise enamorados pelo power metal.

01 Mayer Hawthorne and The County Just Ain't Gonna Work Out
02 The Portland Cello Project Tallymarks (feat. Thao Nguyen)
03 Headless Heroes Nobody's Baby, Now
04 Bowerbirds Northern Lights

Stones Throw
5.1 Myron & E Cold Game
5.2 Savath y Savalas La Llama
5.3 Mayer Hawthorne Maybe So, Maybe No
5.4 Dam-Funk Let's Take Off
5.5 Lee Fields Ladies

06 Sally Shapiro Miracle
07 Tortoise Prepare Your Coffin
08 The Field The More That I Do (Foals XIII remix)
09 Passion Pit The Reeling (Burns remix)

Clicar para ouvir ou guardar

emitido a 19 Maio


14/06/2009

The Roots ft. Erykah Badu - You Got Me




The Roots

Os novos álbuns de Erykah Badu e The Roots eram esperados para este Verão. Mas, primeiro ela, depois eles já trataram de adiar os respectivos lançamentos para o Outono. O baterista e produtor da banda de Filadélfia, Questlove, anunciou esta semana, via Twitter, que "How I Got Over" sairá apenas em Outubro. E, no mês passado, a rainha da neo-soul veio dizer que "The New Amerykah, Part 2 (Return of the Ankh)" só chegará com as primeiras folhas caídas.

Para continuar a ler, clicar aqui.


a ericeira e a droga para putos

A Ericeira tem, como toda a gente sabe, um microclima do caraças!

Gosto de apresentar como verdades universais coisas absolutamente subjectivas e nem sempre do senso comum. Mas, no caso, nem é subjectivo nem desconhecido da maioria que a Ericeira tem um microclima.

Ao longo do dia, em várias partes de Lisboa, o termómetro do carro ia marcando de 30 graus para cima. À medida que me aproximava da Ericeira, descia sobre mim um imenso e nublado céu e uma temperatura à volta dos 20 graus.

Chegado a casa de um amigo, pus a tocar o novo disco dos Animal Collective, que já me tinha acompanhado na viagem para lá:





É bom quando sabemos encontrar na casa dos outros os discos que nos tocam.

Esticado no sofá, cortei o som da televisão, fui percorrendo os canais e parei no Baby TV porque me pareceu apropriado à música. Depois de minutos a ver bolas saltitonas, formas geométricas psicadélicas e imagens da vida animal, cheguei à conclusão que aquilo é droga para os putos.

É cavalo puro!

Aquelas explosões de cor parecem saídas da mente de uma criança que misturou LSD no Nestum com mel...

Fica à consideração de todos os pais que (não) me lêem.


13/06/2009

The trip-hop sessions




Tricky

O Coffee Breakz desta semana serve 10 clássicos do trip-hop produzidos entre 1992 e 2009. É uma boa oportunidade para recordar, por exemplo, o homem mais rico da Babilónia dos Thievery Corporation, a evolução, a revolução e o amor de Tricky (na foto), a Claire de iO ou o homem do graffiti de Kid Loco. A última canção não tem nada a ver com trip-hop e é só mesmo para chatear.

01 Thievery Corporation The Richest Man in Babylon
02 DJ Cam Dieu Reconnaîtra les Siens
03 Tricky Evolution Revolution Love
04 Smith & Mighty Same
05 The Cinematic Orchestra Channel One Suite
06 Kruder & Dorfmeister Black Baby
07 Amon Tobin Easy Muffin
08 iO Claire
09 Kid Loco Theme From the Graffiti Artist
10 Cirkus feat. Neneh Cherry You're Such an...

11 A Hawk and a Hacksaw Laughter in the Dark

Clicar para ouvir ou guardar

emitido a 12 Maio


10/06/2009

o namorado da amiga

Uma noite, já de madrugada, ouvi no auto-rádio alguém ler um texto do Pedro Mexia sobre a rapariga feia. Ela seria a forma de chegar à miúda gira sua amiga. Era com ela que tínhamos de negociar as migalhas que conseguiríamos com a miúda que nos interessava realmente. Ela, a feia, tinha um poder social notável e uma rede de relações do tamanho da lista telefónica.

(Não era exactamente isto, nunca é. Vá lá, a noite já ia longa...)

Ora, tudo isso está muito certo, tudo isso será verdade. Acontece que a rapariga feia não tem importância nenhuma quando comparada com essa instituição bizantina, essa enormidade barroca, que é o namorado da amiga (gira!). Este é uma entidade infinitamente mais aborrecida, castradora e inibidora do que a miúda feia. Como se já não bastassem todos os obstáculos para chegar à miúda gira, ainda tinha de se erguer essa figura monstruosa, sensaborona e que vive uma existência de privilégio e excepção nem sabemos bem como. O namorado da amiga, sendo a amiga a miúda gira, não tem noção da sombra que nos faz: a sombra moral (sim, há sempre uns trocos de questões morais a considerar), a sombra do passado que já tem com ela, a sombra de uma vida a dois com que ele foi injustamente presenteado. Para chegarmos à miúda gira através da rapariga feia, temos que primeiro agradar esta e cair-lhe nas graças. Não é certo que o prémio seja o mesmo quando tentamos agradar o namorado da amiga.

O namorado da amiga mal sabe o mal que nos faz à saúde. Não se faz o que ele nos faz!


Fever Ray - When I Grow Up





No disco, há mais nove momentos paralisantes como este. A paralisia é importante na música. Esta canção nunca poderia servir de som de fundo. Não, isto é música que exige atenção como um bebé! E quase nem é preciso esperar por Dezembro para concluir que este é o DISCO DO ANO...

Fever Ray


09/06/2009

nem ao pontapé

Eu até tomo como minhas as dores de todos quantos vêem na recusa das rádios em passar "Sem Eira Nem Beira" um sinal dos tempos. Um sinal do medo de retaliações do Governo e tudo o mais. Mas custa-me que fique esquecido o que, para mim, é o essencial: essa canção dos Xutos, que fala do engenheiro e do diabo a quatro, é realmente má! E não é só realmente má, é mesmo, mesmo muito má! Por que raio isso também não é discutido?!

Sim, eu sei que dou demasiada importância às questões estéticas... Sou um esteta ou, como dirão os mais assertivos, sou superficial!

-----

Parti para as eleições europeias com um único desejo: que o CDS-PP fosse o último da fila entre os partidos com representação parlamentar. Isso aconteceu e eu estou feliz! Mesmo que tenham ficado muito à frente do que previam as sondagens, mesmo que a abstenção tenha sido brutal.

Quando a extrema-direita avança na Europa e é a segunda força política mais votada na Holanda, por exemplo, foi um alívio perceber que em Portugal (e para já) a retórica anti-imigrante afinal não deu resultado! Fico ainda mais feliz.


Mais guitarras, menos beats




Iron and Wine

O Coffee Breakz apresenta mais uma edição atípica com mais guitarras do que beats. O primeiro balanço é dado por Major Lazer, o novo projecto dos produtores Diplo e Switch, ainda The Cool Kids e GZA a ajudar os Black Lips. Mas depois segue tudo comandado pelo dedilhar de John Vanderslice, British Sea Power, Wilco e Iron and Wine (na foto). Há ainda a assinalar o regresso de Dinosaur Jr. e a estreia de Quest For Fire.

01 Major Lazer Lazer Boom 1
02 The Cool Kids Popcorn
03 Black Lips and GZA The Drop I Hold
04 Deastro Vermillion Plaza
05 Choir of Young Believers Action/Reaction
06 The Wooden Birds False Alarm
07 John Vanderslice Too Much Time
08 British Sea Power Come Wander With Me
09 Wilco The Jolly Banker
10 Iron and Wine The Trapeze Swinger
11 Quest For Fire Hawk That Hunts the Walking
12 Dinosaur Jr. I Want You to Know
13 Future of the Left Arming Eritrea

Clicar para ouvir ou guardar

emitido a 05 Maio


agualusa

"A senhora Presidente não mata ninguém. Não odeia ninguém. Para odiar faz-se necessário um coração. Espero que gostes de arroz de pato." (passagem de Barroco Tropical destacada por Alexandra Lucas Coelho, na entrevista com José Eduardo Agualusa)

"Acho que este livro não vai ser muito lido pelas pessoas no poder em Angola, porque há poucas pessoas no poder que realmente lêem." (JE Agualusa in Ípsilon, 5 Junho 2009)

Gosto muito de pessoas corajosas. O Agualusa é corajoso. Quando saiu há dois anos, li As Mulheres do Meu Pai entre Lisboa, New Jersey e Nova Iorque. Quando sobrevoava o Atlântico também li sobre o Faustino Manso que, ao morrer, deixou sete viúvas e 18 filhos. O Agualusa lê-se em trânsito, ele que anda sempre entre Lisboa, Luanda e o Rio.


08/06/2009

SpaceTourist em órbita






O Coffee Breakz desta semana passa os ouvidos por "Distant Space" de Stefan Biermann (aka SpaceTourist), mais uma produção downtempo da Blackfish Productions. No final, ainda sintonizados na música de sofá, servimos digestivos de FC Kahuna, Midfield General e Mozez com Zero 7.

01 Space Dub
02 City Skyline
03 In Your Eyes
04 Simple Ingredients
05 Sunchild
06 Breeze
07 Waldlichtung
08 Golden Years

09 FC Kahuna Hayling
10 Midfield General Reach Out (feat. Linda Lewis)
11 Mozez Beautiful Day (feat. Zero 7)

Clicar para ouvir ou guardar

emitido a 28 Abril


07/06/2009

two suns

Andamos a falar deste disco há meses mas, agora que o Público (finalmente) pegou nele e lhe deu 4 em 5, já todos podem ouvir sem vergonhas:





Não é exactamente um dos 10 discos do ano (e até podia) mas é um belo disco-fetiche.


06/06/2009

Mayra Andrade - Stória, Stória...




Mayra Andrade - Stória, Stória...

Ouve-se a voz de Mayra Andrade e não se lhe dá a idade que tem. Com apenas 24 anos, a cantora cabo-verdiana, nascida em Cuba e a viver em Paris, tem na voz um peso mais próprio de alguém com, pelo menos, o dobro da idade. Em 2006, estreava-se com "Navega" e logo lhe apontaram o caminho do trono de Cesária Évora. Dois anos depois, já ganhava, como Mariza, o prémio da BBC Radio 3 na categoria de revelação da "world music".

Para continuar a ler, clicar aqui.


Yo La Tengo - Periodically Double or Triple




Yo La Tengo

Os Yo La Tengo são praticamente inigualáveis em índices de coolness genuína. Para provar isso, basta dar dois exemplos (entre tantos outros possíveis): o título do último disco, "I Am Not Afraid of You and I Will Beat Your Ass", editado em 2006, e a canção em destaque neste Cotonete Play. 'Periodically Double or Triple', que antecipa o próximo álbum, "Popular Songs", a sair em Setembro, abre com Ira Kaplan a dizer que nunca leu Proust.

Para continuar a ler, clicar aqui.


Elvis Costello - Secret, Profane & Sugarcane




Elvis Costello - Secret, Profane & Sugarcane

"Secret, Profane & Sugarcane" tinha tudo para ser um grande disco: um bom título, uma banda de notáveis de Nashville, um produtor à altura do desafio de abraçar a música country (T-Bone Burnett) e uma colaboração na escrita com a musa Loretta Lynn. Se manifestamente o não é - e não o é por várias razões, como veremos adiante -, a culpa (tal como na piada informática) só pode estar entre a guitarra e a mesa de mistura, ou seja, em Elvis Costello.

Para continuar a ler, clicar aqui.


05/06/2009

Parallel Worlds - Shade

DiN

Parallel Worlds - Shade

On his fifth installment under the Parallel Worlds moniker, Greek producer Bakis Sirros marries modern studio techniques to glamorous retro sculptures. "Shade" is therefore a record of many and ambitious atmospheric transitions. While staying a classicist when addressing the synth material and the sequence processing, Parallel Worlds does a wonderful job in moving forward with the evocative echoes of today’s electronic music.

The mood here is pretty dark most of the time, and the frightening frontiers the first track sings the praises of are a daring and bold example of the sonic storms ahead of us. "But fear not, dear listener", you seem to hear Sirros whisper, as these tracks are less threatening than they appear on first listen. They sure are demanding and they certainly require some close attention to be fully comprehended – but they are also very rewarding.

To be caught in the midst of the turbulence that is "Mutating Realities" is indeed a real treat. The 10-minute piece seems like a revolving door of juxtaposed rhythms and ambient-like patterns. The "Compulsive Mechanics" mentioned shortly after are nothing short of a disparate (but overtly achieved) recreation of the modular dreams David Lynch must have between film sequences.

"Shade" (the title track and the whole album, for that matter) sounds almost industrial-like in its devotion to detail and texture – and that’s a compliment. After the ears are gloriously immersed in the music flirting with them, there’s no telling when the nerves will wreck for good and the heart will stop pumping blood. One might even feel driven to ask, when has cerebral music gotten so physical and urgent? Parallel Worlds may be off to a good start.

http://www.properlychilled.com/music/release/681


Rokia Traoré: mulher ao poder

Na primeira verdadeira noite de Verão antecipado, Rokia Traoré conseguiu levar o Bairro Alto e a Linha de Cascais em romaria ao Lux Frágil. Perante um público tão diverso como a sua música, a cantora, letrista e guitarrista do Mali entrou suave e apaziguadora, mas cedo empregou a sua voz de comando, espécie de toque de despertar das tribos reunidas. Ao longo de mais de duas horas de concerto, Rokia foi guerreira e pacifista, cantou a mulher negra e as dores da tradição, com o público a corresponder quase sempre.

Para continuar a ler, clicar aqui.


03/06/2009

In Utero

Um amigo ofereceu-me um livro sobre um dos discos da minha vida.

Há dias em que só me apetecia voltar lá para dentro.
E isto foi excessivamente piroso e ligeiramente edipiano. Não volta a acontecer.

Gosto da minha mãe.