06/01/2009

crianças

Hoje acordei com enjoos matinais. Daqueles que só são permitidos às grávidas e que, em princípio, a minha condição masculina proíbe. Foram talvez de ontem à noite ter visto um vídeo que mostra miúdos mortos ou feridos. Ficou-me na cabeça a imagem daquele rapazinho palestiniano de olhar perdido, a face ensanguentada e uma inércia imprópria para a idade. Lembro-me sempre de um pequeno livro com ensaios de Amos Oz, um dos israelitas mais lúcidos neste mundo. Li-o há uns dois anos mas lembro-me que uma das suas principais teorias é que as duas partes têm de estar dispostas a fazer concessões, verdadeiras concessões. Lembro-me também de uma piada que a avó dele costumava contar. Um dia, Deus desceu à Terra e acercaram-se dele um católico, um judeu e um muçulmano. Perguntaram-lhe qual era a verdadeira religião. Ao que ele respondeu: “Religião? Mas eu não ligo nenhuma à religião!” Mas ninguém está a ouvir. Estão todos distraídos com birras estúpidas, a lançar bombas ou a fazerem-se explodir. Enquanto isso, os miúdos (são só miúdos, porra!) não podem fazer as birras próprias da idade. Nem brincar.


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