31/10/2008

#86: O som da Buraka, Wegue Wegue!




Buraka Som Sistema





Por estes dias, os Buraka Som Sistema estão por todo o lado. Em Lisboa como em Luanda como em Nova Iorque. O Coffee Breakz esteve sempre atento a eles e não poderia deixar de os trazer à antena na forma de três canções fortes que são um retrato do mundo de hoje, feito de muitas cores, culturas e raças.

Depois ainda há tempo para ouvir o que anda a fazer um dos Black Dice, um duo de pop electrónica de Estocolmo e o punk de garagem dos reformados Homosexuals.

01 Eric Copeland Alien in a Garbage Dump
02 That Ghost Open Windows
03 Pallers Humdrum
04 Blackout Beach Cloud of Evil

05 Eléctrodos Avariados: Buraka Som Sistema
5.1 Kalemba (Wegue Wegue) (feat. Pongolove)
5.2 Sound of Kuduro (feat. Znobia, M.I.A., Saborosa & Puto Prata)
5.3 General

06 Esau Mwamwaya & Radioclit Cape Cod Kwassa Kwassa
07 Esau Mwamwaya & Radioclit Boyz
08 Windsurf Pocket Check
09 The Homosexuals Slow Guns
10 Lemonade Big Weekend (Delorean remix)

emitido a 28 Outubro

29/10/2008

DJ set: Miss Sheila




Miss Sheila

Miss Sheila já passou por muitos palcos nacionais e internacionais com sets que exploram os limites do house e do techno. Ela também partilhou a cabine com alguns dos mais reputados DJs da cena electrónica mundial, nomeadamente John Digweed, Laurent Garnier e DJ Vibe.

Para ouvir o DJ set, clicar aqui.

The Streets - Everything Is Borrowed




The Streets - Everything Is Borrowed

Apetece perguntar como teria sido a reacção ao disco homónimo de Burial se, quatro anos antes, não tivesse havido "Original Pirate Material" dos Streets. A verdade é que, quando as produções frias dessa entidade ainda obscura do dubstep londrino saíram da gruta, Mike Skinner já assumia um lugar destacadíssimo como fazedor de rimas com delicioso sotaque cockney. O disco de 2002 aplicava o rap garagista, o club da capital britânica e o dub ambiental num conjunto de canções bem escritas e que sublimavam o calão e o catecismo de rua.

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Ayo - Gravity at Last




Ayo - Gravity at Last

As comparações de Ayo com Nneka são inevitáveis: os álbuns de estreia de ambas são de 2006 e ambas regressam este ano com um luminoso sucessor. A Nigéria é outro termo de comparação, ainda que com ligeiras diferenças: Nneka nasceu no país africano e, aos 19 anos, mudou-se para Hamburgo; Ayo já nasceu na Alemanha, em Colónia, mas é filha de pai nigeriano e mãe de etnia cigana. O código genético da música que fazem é também muito semelhante: o afrobeat de Fela Kuti contaminado pela neo-soul de Erykah Badu, Lizz Wright e Alice Smith.

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26/10/2008

JP Simões no expresso carioca




JP Simões

O Musicbox ficou ontem muito bem composto para receber o expresso carioca de JP Simões, na segunda noite das Jameson Urban Routes. O pretexto para a actuação era simples: homenagear um dos nomes maiores da música brasileira, Chico Buarque. No seu estilo deliciosamente seco, JP foi intervalando "músicas estupidamente bem feitas" (as palavras são dele) com piadas de uma profundidade pouco usual. Afinal, não é todas as noites que ouvimos um músico dedicar uma canção à bolsa de valores, mais concretamente "ao índice da Bobadela".

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Faca Monstro com nova mixtape




MC Maze

Os Faca Monstro vão editar mais uma mixtape até ao final deste ano, antes de lançarem um disco de 12 polegadas, no início de 2009. A informação foi avançada ao Cotonete por MC Maze (na foto) que, com o colega Ex-Peão dos Dealema e outros músicos, integra o colectivo de hip-hop do Porto.

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25/10/2008

Nina Simone - The Desperate Ones




Nina Simone

Nina Simone foi das vozes negras mais bonitas que a América produziu no século passado. Carregando a herança de outras senhoras, como Bessie Smith à cabeça (um nome injustamente esquecido), Aretha Franklin e Billie Holiday, Simone falava as línguas do jazz e da soul, mas também do gospel e do blues, com admirável fluência. Não haverá melhor forma de caracterizar a sua música do que o título de uma composição que ela escreveu a meias com Weldon Irvine, Jr., 'Young, Gifted & Black', depois revista por Aretha Franklin e Donny Hathaway.

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Blog da Semana: Meio Desligado




Blog da Semana: Meio Desligado

Nos anos 80 e 90, quando um miúdo se sentia entediado, formava uma banda e cantava sobre fugir da casa dos pais e a dificuldade em conhecer raparigas. Agora, com o crescimento da Internet e dos espaços de escrita livre, há mais escolhas. Uma delas é criar um blog e encher páginas de um diário virtual. Mas blogs há-os aos quilos e o que torna um espaço mais interessante do que outro é a atitude, o querer ser diferente dos outros para não andar meio mundo a fazer a mesma coisa que a outra metade.

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The Guys From the Caravan - Noah's Ark of Pain




The Guys From the Caravan - Noah's Ark of Pain

Os cães ladram e a caravana passa. É tentador puxar da sabedoria popular para falar destes Guys From the Caravan, há dois anos no activo e agora com um álbum de estreia produzido por Flak, um senhor que se reparte entre os Micro Audio Waves, o Flak Ensemble e, claro, os Rádio Macau. "Noah's Ark of Pain" é a tradição do rock n' roll posta de molho num banho quente, que tem uma concertina, um kazoo e um ukelele como principais óleos balsâmicos e um sintetizador analógico como sal perfumado.

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Soft Cell - Non-Stop Erotic Cabaret




Soft Cell - Non-Stop Erotic Cabaret

Para todos os efeitos, foi aqui que tudo começou para os Soft Cell. Em 1981, os estudantes de arte Marc Almond e Dave Ball editavam "Non-Stop Erotic Cabaret". O álbum rendeu uma pegajosa revisão de 'Tainted Love' de Gloria Jones, um tema que escalou tabelas de vendas por esse mundo fora. O disco, tantas vezes descrito como uma incursão por um distrito vermelho (numa altura em que as nossas mães de Bragança estariam a contrair matrimónio), é agora reeditado juntamente com "Non-Stop Ecstatic Dancing" de 1982.

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24/10/2008

#85: Thievery Corporation nos eléctrodos avariados




Thievery Corporation






Esta semana, o Coffee Breakz está rendido às remisturas. Logo a abrir, é descobrir as diferenças entre a versão de Banjo or Freakout e o original de Burial. Nos Eléctrodos Avariados conferimos três temas do mais recente disco dos Thievery Corporation, "Radio Retaliation", depois de um fim-de-semana em que eles passaram pelo Coliseu dos Recreios. Depois, novo jogo das remisturas para um original dos Radiohead, por Flying Lotus e Diplo.

01 Banjo or Freakout Archangel
02 Burial Archangel
03 Restiform Bodies Panic Shopper (Tobacco Remix)
04 Telefon Tel Aviv Helen of Troy

05 Eléctrodos Avariados: Thievery Corporation
5.1 Mandala
5.2 La Femme Parallel
5.3 Hare Krishna

06 Radiohead Reckoner (Flying Lotus Mix)
07 Radiohead Reckoner (Diplo Mix)
08 Wiley & Beenie Man Rolex It Up (The Heatwave Refix)
09 Malik Yusef Promised Land (feat. Kanye West and Adam Levine)
10 John Legend (feat. André 3000) Green Light (Diplo Dade County 1988 mix)
11 Koushik Lying in the Sun

emitido a 21 Outubro

21/10/2008

Lymbyc Systym - Love Your Abuser Remixed




Mush Records

Lymbyc Systym - Love Your Abuser Remixed

The overglitched sounds of some of today's electronic music can really grate on anyone's nerves. The exponential tendency to let in all sorts of new elements to a piece, only for the sake of the sacrosanct experimentalism, may cause the music equivalent of a renal-retention and the greatest of discomforts to the listener. Most of the time, when you grab an electronic record, it's advisable that you throw a quarter into a fountain, and pray for a set of songs that is both artistically appealing and enjoyable.

Fortunately with Lymbyc Systym you're in for a good treat – even if this is not a proper record by the duo, but rather a reworking of last year's "Love Your Abuser" release. They invited a bunch of friends over to give that record a sponge bath, so to speak. And from the semi-traditional, slightly-more-organic-than-digital opener "Astrology Days", a fuzz-folk track by The One AM, you calmly digest every piece until you reach Daedelus' glorious assemblage of digital detritus, punctuated by loosely vague piano notes, that is the grand finale "...So We Can Sleep".

Anyone familiar with brothers Jared and Michael Bell's revised post-rock for laptops will find this record to be a coherent review of a full-length that permanently tries to solve the acoustic/programming equation. It's not that they fail in breaking the code: the only reason why Lymbyc Systym's work sounds so unfinished may be the difficult task that is to prevent two opposite universes from behaving erratically when put together.

The Album Leaf has been one of the most successful acts in the careful orchestration of electronic dreams for late-night consumption, so it's with great pleasure that one sees the name featured here. The remixing of "Fall Bicycle" is a sonic soirée of mind-numbing electronica. But then comes a pair of songs that rivals with that ear-orgasmic trip to the world of Lymbyc Systym: Bibio, also part of the Mush Records' growing roster, goes all country-like in redressing the superb "Truth Skull", while the title track is an assorted confluence of beats and blips that you would hear in a dream, courtesy of This Will Destroy.

Those are the highlights from a record that flows like a well-constructed narrative and therefore sounds like it was made by one single act, not by a group of guests working over a pre-determined mold. But it would be unfair to skip Eliot Lipp's soulful rethinking of "Pittsburgh Left" or Reference's short intermission "A Day at the Beach". Even when the duo of brothers cites itself – and this happens twice, on "Birds" and "Idle Wires" –, the fake moonwalking is guaranteed. So you can't go wrong with these guys and their diluted cells of pleasure for headphones.

http://www.properlychilled.com/music/release/profile.php?view=628

17/10/2008

Cat Power - I've Been Thinking




Cat Power

O amor de Cat Power pelo hip-hop, já antes manifestado, volta a dar de si na canção em destaque nesta sexta-feira, 'I've Been Thinking', retirada do segundo álbum dos Handsome Boy Modeling School, "White People" de 2004. Eles são (ou eram, o futuro deles é cada vez mais incerto) os produtores Prince Paul, conhecido pelo trabalho com os De La Soul, e Dan "The Automator" Nakamura, que agora faz parte dos Gorillaz.

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Cuba Club




Cuba Club

A música de Cuba tem raízes fundas em Espanha e na África Ocidental mas, pelo caminho, também ajudou a abrilhantar linguagens como o tango e o afrobeat, o jazz e a salsa. É preciso recuar ao século XIX para situar o início do longo namoro do mundo com a música cubana. Tudo começa quando os escravos africanos e os imigrantes europeus (sobretudo espanhóis) desembarcam na ilha caribenha, levando consigo os seus instrumentos e as suas formas de tocar música.

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Black Company - Fora de Série




Black Company - Fora de Série

Não deve ser fácil ser os Black Company por estes dias. Aliás, nunca deve ter sido muito fácil ser os Black Company, à excepção daquele Verão de 1994 em que Gutto, Bambino e Tucha (os três Machine Gun Poetry), mais KGB e Makkas, puseram um país inteiro na piscina, com o tema 'Nadar'. O mote "não sabe nadar", daquele que foi o primeiro grande salto mediático do hip-hop português, serviria até de hino pela defesa das gravuras rupestres de Foz Côa no longínquo Portugal dos 90.

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Supa - Shift




Supa - Shift

Se há verdade difícil de rebater no hip-hop português, é a que aponta os Micro como a banda que, desde meados da década de 90, mais estimulou o avanço do género. Esse activismo mantém-se nos projectos a solo dos três elementos da formação: o MC luso-croata D-Mars lançou, já neste 2008 e enquanto Rocky Marsiano, "Outside the Pyramid"; o DJ Nel Assassin continua com "a vida na ponta dos dedos" e a dar lições de costura como Sr. Alfaiate; do MC Sagas ouvimos essa ode à "negra africana" que foi 'Anjo de Luz', tornada êxito radiofónico há poucos anos.

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16/10/2008

#84: O renascimento do beat




2tall



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Nas suas próprias palavras, 2tall é "um tipo branco com os movimentos correctos de braços e conhecimento limitado de música". Para o Coffee Breakz, ele é há muito uma das mais promissoras jovens esperanças do turntablism. O álbum "The Softer Diagram" acaba de sair para as ruas, antes ele já tinha trabalhado com gente da editora Stones Throw no disco "Beautiful Mindz". Nesta edição do chá das cinco, apresentamos a mais recente mistura de 2tall, "Rebirth of the Beat", um trabalho fresco e estimulante que inclui material novo de Bullion, Flying Lotus, Dabrye e Wajeed.

Para o final, reservámos duas remisturas, de Mad Decent e Bloc Party, e uma tentação dub que apetece trincar.

01 2tall Rebirth of the Beat

02 Of Montreal Id Engager (Mad Decent Remix)
03 Johnny Foreigner Salt, Peppa and Spinderella (Bloc Party Rmx)
04 The Tough Alliance Neo Violence (Windsurf's Neon Violet Dub)

emitido a 14 Outubro

13/10/2008

Milosh - III




Milosh - III

2008
Plug Research / Popstock!

A electrónica de bolso sob o manto zen de um retiro espiritual, com Telefon Tel Aviv como Dalai Lama.

A reclusão tem destas coisas. Há cerca de um ano, Michael Milosh viajou da sua Toronto natal até à longínqua ilha tailandesa de Koh Samui. Durante esse tempo, imerso num isolamento típico de monge budista, ele compôs e gravou III, que é uma encantatória jornada pela superfície mais adesiva dos sonhos lentos e tripados. O disco vem de uma linhagem próxima da folktronica de Four Tet e Manitoba, banhado em truques da micro-electrónica de laptops.

A voz de Milosh chega em arrastado falsete, a pingar mel e carregada de uma melancolia que nunca descola. Ouvimo-la dessa forma sobretudo em "Gentle Samui" e, mais tarde, em "Leaving Samui", peças de fado electrónico, prenhas de uma saudade anunciada da ilha que serviu de pátria a este álbum. A servir de cola a estas pontas soltas (próprias de um sonho, insistimos na ideia) estão as mãozinhas pós-Pro Tools de Joshua Eustis, o senhor Telefon Tel Aviv.

Em pouco mais de 40 minutos, há por aqui pasto imenso para se adormecer ao volante, como os Elbow já tinham alertado em relação à música de Coltrane. Mas o terceiro álbum de Milosh induz o sono pelas razões boas (quase juramos que o Coltrane também): "Remember the Good Things" é escadaria de seda eléctrica que leva a tocar as estrelas, enquanto "Warm Waters" é calmaria zen vestida de programações minúsculas.

À excepção da faixa que abre o álbum, "Awful Game", que tem uma palpitação a meio caminho entre o IDM menos carregado e o glitch mais nervoso, tudo o que resta em III é como a manta que cobre até às orelhas em noite de Inverno. Se não fosse pedir muito, diríamos que o breakbeat e o dub de Techno Animal, feitos de vagas pesadas mas lentas, marcam território em "Wrapped Round My Ways". Mas, para isso, é preciso descontar a facção industrial da música de Justin Broadrick porque a cantiga de Milosh é outra.

Recorremos uma última vez ao animal lá em cima só para ilustrar essa coisa meio homem, meio besta que é ter uma voz tratada, logo mecanizada, num ambiente acústico, quase rural. E se bem nos lembramos, o Canadá já tinha levado as toupeiras da electrónica de bolso a saírem das suas tocas com o rapanço cirúrgico de Sixtoo (que já pertenceu ao clã Anticon), agora Milosh volta a pôr a América progressiva na rota da electrónica que interessa, aquela que não é bolorenta nem aborrece de morte.

http://www.bodyspace.net/album.php?album_id=1410

12/10/2008

Bagpak Selects Vol. 1: Future Underground Mix Tape




Bagpak Selects Vol. 1: Future Underground Mix Tape

A track is yet to be recorded that is both scary and ear-catching in equal proportions like "Liquid Swords" by the Genius, aka GZA, arguably the most prolific MC in the Wu-Tang Clan. Even if their 36 chambers managed to come to the foreground, the music of the clan always kept a considerable and undeniable underground appeal. That difficult balance between art and commerce is loosely addressed in the first installment of "Bagpak Selects", a compilation put out by New York-based Bagpak Records.

Appropriately subtitled "Future Underground Mix Tape", this 14-track (unmixed) collection pulls off the masterful trick of genre-bending without faking the funk for a second. The romantic but truthful concept of the mix tape is so last century that "retro" is the prefix that immediately comes to mind, but then these tracks sound so refreshing that one must add the "futuristic" suffix. And all is done with no prejudice against any form of music whatsoever, which is far from being new.

Truth be told, sound sculptors like the ones featured here have always had a way with a beat or a bass line to keep the riddim going. From the lounge, chilled-out prairies of Yellowtail's "Bushwick Summer" and Arch_typ's "Luge del Sol" (featuring Rosina Kazi) to the deep house maneuvers of Masoul's "Live at Tomb 37", this compilation has something for everyone, be it the electro geek or the arbitrary partygoer on a Saturday night.

But unlike the freak folk pranksters of today, who make contemplation a weary, agonizing pain in any eardrum, these nu-jazzmen tuck you in with profound, sleepless beats. Besides, they come up with a whole new concept in the otherwise decaying arts of head-nodding and hand-clapping. For clarification you may want to check out the broken beat lines of Nappy G's "Fight the Power" after the remixing bath by Extra Crispy or even the sketches of bossa nova drawn in Inverse Cinematics' "Bossaffair".

Without even noticing the far-reaching resonance of their music, these guys are providing the soundtrack for an entire society to drop their Prozac and start taking advantage of downbeat's therapeutic benefits. And if this is not what music should provide people with, I don't know what it should. Maybe we will all keep both ears to the ground more often, bring home the good vibes from the creative streets and pounding clubs out there, and keep adding tracks to an endless mix tape.

http://www.properlychilled.com/music/release/profile.php?view=626

Rodriguez - Sugar Man




Rodriguez - Sugar Man

Esta é uma canção que o mundo não quis ouvir até meados dos anos 90. Originalmente editada em 1970 com o álbum "Cold Fact", disco de estreia de Rodriguez, 'Sugar Man' tem um travo folk e pop tão denunciado que nada faria prever que caísse no esquecimento. Mas foi o que aconteceu, à excepção da África do Sul e da Austrália, que fizeram do disco um clássico instantâneo, ainda que o fenómeno tenha sido sobretudo local.

À medida que a canção e o álbum acumulavam pó no resto do planeta, Sixto Diaz Rodriguez, natural de Detroit, seguia a sua vida, alheio a essas pequenas ilhas de devoção. Em 1995, os jornalistas interessados na história do disco foram encontrá-lo a trabalhar nas obras e a concorrer para um cargo político local. De então para cá, 'Sugar Man' tem conhecido aparições episódicas, como mais recentemente no filme "Candy", de Neil Armfield, que tem o malogrado Heath Ledger como poeta junkie.

Foi só neste Outono de 2008 que a canção e o álbum tiveram o reconhecimento merecido e devido há tanto tempo. A editora Light in the Attic, de Seattle, remasterizou "Cold Fact", a partir das cassetes originais, para uma reedição que inclui entrevistas com Rodriguez, que afinal existe para além do mito. 'Sugar Man', que é como quem diz o homem do cavalo, foi um digno sucessor do homem da pandeireta do Dylan, que surgiu cinco anos antes em "Bringing It All Back Home".

O tema da música anda então à volta do fornecedor de droga e do tempo de espera que um toxicodependente leva para conseguir a sua dose. E começa assim: 'Sugar man, won't you hurry 'cos I'm tired of these scenes/ For a blue coin won't you bring back all those colors to my dreams'. Convém não esquecer que isto é produto de uma América que atravessou os anos 60 sob o efeito de opiáceos ; daí as referências românticas ao vício: 'silver magic ships you carry/ jumpers, coke, sweet Mary Jane'.

Outro factor de interesse de 'Sugar Man' é a presença de ilustres senhores da Motown na produção, que fazem o tema evoluir a partir de linhas de guitarra acústica e aguentar-se até lentamente se esvair no ar. Um tema simples, despido de adereços e que não merecia ter andado arredado do grande público durante tanto tempo.

http://cotonete.clix.pt/quiosque/cotonete_play/index.aspx?id=77

11/10/2008

Supa ao vivo antes de estúdio




Supa ao vivo antes de estúdio

Os Supa já têm material suficiente para voltarem a gravar mas vão, para já, apostar nas actuações ao vivo de promoção ao disco de estreia, "Shift". A revelação foi feita pelo MC Gab, em entrevista ao Cotonete.

Gab referiu que o trio de hip-hop português "tem material para entrar em estúdio" mas prefere, por enquanto, continuar a promover o disco actual e perceber o que pode acrescentar para não se repetir. O músico revelou que "Shift" está a ser recebido de um modo "muito positivo" e que há ainda "muita coisa para construir ao vivo", mas não adiantou qualquer data para uma nova edição.

O MC caracterizou o disco de estreia como um trabalho "muito arriscado", dando o exemplo do tema-título, que é construído a partir de "um beat nada convencional". Mas é também, nas suas palavras, um "álbum familiar" e que junta pessoas próximas dos elementos da banda.

Os Supa, que reúnem o MC Gab, o produtor Núcleo (ambos dos Factos Reais) e DJ Ride, pretendiam fazer um disco que reflectisse o quotidiano da banda e de quem o fosse ouvir. Até porque, como explicou Gab, o trabalho iria ser ouvido por pessoas como eles "e não por um deputado ou um agente policial". Por isso, puseram de parte o "rap interventivo" para que o disco "não fosse um peso" para quem o ouve, mantendo ainda assim "uma palavra de força".

A produção de "Shift" foi "muito selectiva" mas tudo fluiu de uma forma "natural", segundo o MC. O músico revelou também que dos Factos Reais não se deve esperar nada de novo nos próximos tempos, até porque estão a adaptar-se às novas circunstâncias familiares e profissionais. Quanto a DJ Ride, Gab adiantou ao Cotonete que o actual campeão nacional de scratch já está "envolvido no próximo trabalho a solo".

Quando questionado sobre eventuais convidados em futuras edições dos Supa, o MC elogiou os trabalhos de Sam The Kid e NBC, mas lembrou que isso não significa que alguma vez se juntem em estúdio.

http://cotonete.clix.pt/quiosque/noticias/body.aspx?id=40927

Skalibans - Is It Voodoo?!




Skalibans - Is It Voodoo?!

Começamos a ouvir 'Mary Marry Me', tema que abre "Is It Voodoo?!", o disco de estreia dos Skalibans, e pensamos que isto até não ficava mal num filme de Emir Kusturica. Mas, ao contrário do realizador sérvio, que se perde (e bem) na tontice aparvalhada, mas com graça, das caricaturas de gente que filma, a banda de Almada é mais centrada e sobretudo encarna respeitosamente a herança punk e ska que lhe está no sangue.

A tripe cigana fica-se então pelo primeiro tema porque o que se segue, se é ainda um disco de celebração, é-o na medida exacta da festa que não acorda os vizinhos. Com os níveis de ruído controlados, as canções evoluem como um rosário de temas caros ao imaginário ska e reggae: temos a pseudo-balada da descompressão que se ouve na esplanada entre um copo e outro ('Sunshine'), temos também a canção do bandido que segue o protocolo da gravata e do fato ('Ties and Suits') e temos ainda a canção de protesto contra o alvo fácil ('HamBush').

O que se percebe no som dos Skalibans é que estes temas já rodaram muito na estrada, acumularam quilos de pó e, quando foram gravados, já estariam no ponto de rebuçado. Não é para menos: formados há quatro anos, eles são essencialmente uma banda ao vivo. Por isso, quando vertida para disco, a música soa coesa, bem ligada e fica à mostra essa experiência de palco. Além disso, os temas viajaram até Nova Iorque para serem masterizados por Alan Douches, que já trabalhou com os Chemical Brothers, os Sepultura e os Misfits. Não se deve estranhar portanto o som maduro e profissional de "Is It Voodoo?!".

No desfiladeiro de barulheira e calmaria em que, sem avisar, o disco se transforma, 'Utopia' é mais punk do que rock e certamente mais rock do que ska. Mas logo vem uma 'Late Night Phone Call' para falar mais de perto aos ouvidos adolescentes. Nada contra mas aí o punk torna-se emo, perde em força bruta o que ganha em capital emotivo. Para as despedidas, fica um par de canções rasgadíssimas, que põem a farta instrumentália (guitarra, baixo, bateria, trompete, trombone e saxofone) a pontuar o ritmo acelerado para fechar a pista.

Em poucas palavras, os Skalibans têm piada, jogam bem o jogo das influências que carregam no seu ADN mas fica a sensação de que não passam de um analgésico. Ou seja, aliviam a dor pela falta de ska nacional que não seja cópia rasurada de glórias passadas, mas não curam a fome. Mas, bem ouvidas as coisas, talvez a culpa seja mesmo do vudu.

http://cotonete.clix.pt/quiosque/novos_discos/body.aspx?id=406

Omara Portuondo - Gracias




Omara Portuondo - Gracias

A vida tem destas coisas e a música, como parte da vida, também não respeita muito o relógio dos comuns mortais. Depois de cantar ao lado de Nat King Cole e de Edith Piaf e, a nível local, com o Cuarteto d'Aida e a Orquestra Aragón, Omara Portuondo planeava aligeirar o ritmo de trabalho em meados dos anos 90. Mas em 1995, Ry Cooder andava por Cuba e ouviu a sua voz feminina mais bonita e que era, à época e para muitos, o segredo mais bem guardado pelo regime de Fidel Castro.

De facto, só depois de participar no filme "Buena Vista Social Club", de Wim Wenders, com Cooder no papel de repórter apaixonado, é que o mundo se rendeu aos encantos de Omara. O trabalho permitiu também resgatar de um injusto esquecimento as carreiras de Ibrahim Ferrer, do guitarrista Compay Segundo, do pianista Rubén González (e em boa hora o fez porque estes três já morreram) e do guitarrista Eliades Ochoa (que, ainda no Verão de 2008, passou pelo Grande Auditório do CCB).

Já com 60 anos de carreira, Omara lança agora um disco que soa a despedida ou, pelo menos, a um agradecimento profundo e sentido - ou não fosse ele intitulado simplesmente "Gracias". É uma dor de alma rever as imagens do filme de Wenders quando ela se passeava, fresquíssima, pelas ruas da sua Havana natal e compará-las à capa deste disco. Aqui, ela surge com um ar mais sereno, ainda muito segura de si, sentada num banco de jardim, de onde caem malmequeres murchos. Tudo no álbum cheira a retiro, a uma reforma que se adivinha e que, felizmente para o mundo, já leva uma boa década de atraso.

Em apenas duas canções, Omara mostra ao que vem: ela narra as suas próprias vivências e dores em 'Yo Vi' e chega a assustar quando profere as palavras 'Adiós Felicidad'. A voz de Chico Buarque salpica de uma alegre bossa nova os tons até então cinzentões do disco, mesmo quando canta sobre a "romaria dos mutilados" e a "fantasia dos infelizes" na belíssima 'O Que Será (À Flor da Terra)'. Mas "Gracias" é definitivamente um disco de Outono ou, quando muito, de fim de estação, de reunião à frente da lareira e de contos de ninar, como no comovente 'Cuento Para un Niño', composição crua e económica, feita somente de cordas e voz.

Segue-se a luminosa colaboração em 'Ámame Como Soy', em que Omara partilha o microfone com Pablo Milanés, histórico fundador do movimento reformista da canção popular cubana, que em finais dos anos 60 ficou conhecido como "nueva trova". Mais à frente, há o tema-título repartido com o uruguaio Jorge Drexler e que tem tudo para se transformar numa canção emblemática de Omara. É também aqui que ficam desfeitas as dúvidas sobre a vontade da senhora em cantar um tributo às gentes que a inspiraram. Ainda há dois anos, ela garantia estar a ser perseguida pelos fantasmas de Ferrer, Segundo e Gonzáléz, enquanto se mostrava grata pelos palcos e momentos partilhados.

Ao cair do pano, 'Nuestro Gran Amor' assoma aos ouvidos como a peça mais delicadamente jazz do álbum, muito por causa do baixo cubano de Cachaíto López e das teclas igualmente cubanas de Chucho Valdés. Depois, ainda roda 'Lo Que Me Queda Por Vivir', onde se percebe uma ligeira herança do Médio Oriente, e finalmente 'Drume Negrita', que põe a nu a quente elasticidade das peles afro-cubanas, com a ajuda do camaronês Richard Bona. Ora, se este não é o derradeiro disco de Omara, é provavelmente aquele que ela quererá deixar em testamento. E tudo isto é triste, tudo isto existe mas não é fado.

http://cotonete.clix.pt/quiosque/novos_discos/body.aspx?id=404

08/10/2008

#83: Uma colher de jazz por I Am Three




I Am Three



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Esta semana, o Coffee Breakz volta a levar uma colher de jazz às bocas dos ouvintes. O pretexto é o jazz acústico e deliciosamente enxuto de I Am Three (foto), um duo de Manchester, que recupera assim uma rubrica antiga de uma das muitas vidas deste programa.

Ainda há tempo para ouvir novidades de David Byrne e Brian Eno (que regressam com nova colaboração quase 30 anos depois), The Streets e Opio. E talvez seja desta que o Coffee Breakz faz as pazes com os Nightmares on Wax.

01 David Byrne & Brian Eno Strange Overtones
02 Elissa Jones Jungle Ho
03 Reed Precious Love
04 Nightmares On Wax 195 Lbs

05 Uma Colher de Jazz: I Am Three
5.1 I Try
5.2 Fell Over
5.3 Burning Me

06 Sixtoo Part 9
07 The Streets The Escapist
08 Opio To the People
09 White Lies Death (Crystal Castles Remix)
10 Windy & Carl My Love

emitido a 7 Outubro

06/10/2008

#82: A mixtape do subsolo de Brooklyn




Almost Fameless Mixtape


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Nesta edição do Coffee Breakz, a dupla de MCs de Brooklyn, Kats e Domer, fuça no underground de Nova Iorque para trazer à superfície uma mixtape que é um manifesto actualizado da velha escola do hip-hop. Ryan O'Neil, Why-G?, Renaissance, brokeMC, FolkLore, Dyalekt e Illspokinn são as estrelas da companhia numa "Almost Fameless Mixtape" conduzida por DJ SmurtVillain.

No final, temos sobras de caviar, com Prins Thomas a remisturar Tussle e a indie pop rasgada de Richard Swift. Fiquem para ouvir ou ouçam para ficar.

01 We Got You (ft Ryan O'Neil, beat by Andy Bangers)
02 Fall Out (beat by Andy Bangers)
03 Good Day (ft Why G?)
04 Feels So Right (ft Rennessaince, beat by Miss Tolkee)
05 The Dopest (ft brokeMC, beat by Dozer)
06 Oooh (ft Folklore, beat by Sid Suna)
07 Spectacular Failure (ft Dyalekt, beat by Domer)
08 Get Ready Go (ft IllSpokinn, beat by Andy Bangers)
09 Dust Off (ft brokeMC, beat by Andy Bangers)
10 Puffin (beat by Domer)
11 A Brief History Of Time

12.1 Tussle Night of the Hunter (Prins Thomas Remix)
12.2 Richard Swift Would You

emitido a 30 Setembro

04/10/2008

Cut Copy - Lights and Music

Cut Copy - Lights and Music

Se as músicas tivessem cor, esta tinha todas as cores do arco-íris, filtradas por uma bola de espelhos, em rotação máxima, num clube nocturno que serve martinis até de madrugada. Não é muito normal dentro do género mas, em 2008, os Cut Copy, naturais de Melbourne, na Austrália, fizeram um álbum de canções. "In Ghost Colours" é um disco que toma de assalto o pós-punk dos 80 (à boleia dos New Order, Devo e Talking Heads) para se juntar ao plantel que tem James Murphy como treinador e os Hot Chip e Hercules & Love Affair como algumas das mais recentes contratações.

'Lights and Music' é o tema mais orelhudo do álbum (e do ano), com um refrão que é pegajoso e encantador em partes iguais: "Lights and music are on my mind/ Be my baby one more time". Produzida e misturada por Tim Goldsworthy, como o resto do disco, a canção é um pulsante apelo à dança com os braços no ar e a cabeça em órbita descontrolada. Assente numa batida electro e numa sensibilidade disco, não dispensa uma ou outra palpitação mais orgânica, via rock de guitarras. Ou não fosse Goldsworthy parceiro de James Murphy nos LCD Soundsystem e um dos donos da editora DFA.

Por causa da produção gulosa, há um certo sentimento de culpa depois de ouvidos os quase quatro minutos do tema, semelhante à digestão de um farto prato que quebra uma dieta de longos meses. Mas 'Lights and Music' é mesmo assim, um convite à desbunda sem complexos, às figurinhas tristes na pista de dança e à cantarolice desafinada no interior do carro. É a canção que falta a qualquer festa rave para pôr todos os corações aos pulos.

Se, no Verão do ano passado, a electrónica de baixo orçamento andava perdida de amores por 'Paper Planes' da senhora M.I.A., este ano foi 'Lights and Music' que ajudou a espalhar o bronzeador. Com ou sem escaldão, a verdade é que 2008 não produziu (nem se presume que o faça ainda) outro tema tão viciante e deliciosamente pop. As luzes e a música dos Cut Copy podem ser conferidas no Cotonete, nas rádios Alternativa (Alt Electrónica), Nações (Austrália) e Pop-Rock.

http://cotonete.clix.pt/quiosque/cotonete_play/index.aspx?id=73

Os Pontos Negros - Magnífico Material Inútil

Os Pontos Negros - Magnífico Material Inútil

Por vezes, dá-se o caso dos fenómenos do Entroncamento se deslocalizarem alguns quilómetros, sem qualquer prejuízo da dimensão invulgar da coisa. Com Os Pontos Negros, o fenómeno fica em plena linha de Sintra. Nascida em Queluz, a banda dos irmãos Jónatas (voz e guitarra) e David Pires (bateria e voz) faz uma música desafiante que tinge de refinado sarcasmo letras escritas em bom português. Por esta altura, os mais atentos já conhecem o 'Conto de Fadas de Sintra a Lisboa' e não resistem a cantar "e hoje ele ainda beija seus pés".

No entanto, há mais para descobrir no "Magnífico Material Inútil" para além dessa história da Cinderela dos tempos modernos. Produzido por Tiago Guillul, músico, fundador da editora FlorCaveira, blogger e pastor da Igreja Baptista, o disco exala um odor pós-adolescente (juramos que não é pelo nome da banda que escrevemos isto), enquanto revela uma escrita descarnada como uma fractura exposta. E assim se compreende que cantem Johnny Cash e António Variações em 'Tempos de Glória' ou "as tuas mãos não terão mais sangue" no 'Triunfo dos Porcos'.

Claro que o adereço maior deste altar de cartão do rock é a fina ironia da palavra, uma técnica que começa logo nos títulos das canções - 'Xadrez & Chanel' e 'Roque & Dão' (pode ser lido como "rouquidão") são dois bons exemplos. Como o são também os primeiros versos da 'Armada de Pau' ("Ser bom português é morrer na casa de Fado/ É ter um casus belli com o vizinho do lado"). A segunda guitarra de Filipe Sousa, ex-Comboio Fantasma e Lacraus, entre outros, e o órgão e a pandeireta de Silas Ferreira (Ninivitas) servem para acentuar o festival melódico.

No ano passado, Os Pontos Negros disponibilizavam o primeiro EP gratuito na página do MySpace da banda e já aí se adivinhavam influências de Strokes e Los Hermanos. Depois, veio o single do conto de fadas, suficientemente orelhudo para convencer e carregado de retalhos da boa maneira lusa de fazer as coisas: "Ela quis poder entender o Universo e começou a ler Platão/ A ele de nada lhe valeu a aparência nem a casa no Largo do Rato". De resto, não houve grandes promoções na rádio (descontando o sempre atento Henrique Amaro) mas gerou-se um burburinho ensurdecedor, daí que faça sentido a referência ao fenómeno de Queluz.

Os Pontos Negros não vão salvar o rock português nem este é um disco sem falhas, a maior delas será a inconsequência das núpcias entre letra e música: a letra de 'Com a Morte nos Calcanhares' merecia arranjos mais arrojados ou talvez seja a música a pedir outra letra, ainda não decidimos. Mas também é certo que o entorpecido mercado precisa de criatividade a rodos para sair de um marasmo que teima em não descolar. E tanto pode ser com acne na cara ou pêlo nas ventas.

http://cotonete.clix.pt/quiosque/novos_discos/body.aspx?id=402

Everything That Happens Will Happen Today

02/10/2008

Nightmares On Wax - Thought So...

Warp Records

Nightmares On Wax - Thought So...

Like a diehard vegetarian sneaking a piece of sticky bacon, I cautiously pressed the play button to hear "Thought So...", the new Nightmares on Wax album, which comes after two mildly-received records, even amongst the sun-deprived nerds of the post-rave hordes. It's indeed been almost a decade since the Yorkshire-based project of George Evelyn and Robin Taylor-Firth dropped a decent set of microelectronic beats.

After Matador put out the excellent "Carboot Soul" in 1999 and the cold reception that its descendant "Mind Elevation" deservingly got, I wrote a mental note to myself to never again judge a record by the glory of a band's past. But my reconciliation with the English duo may be on the right track. For one, the surprisingly fresh cut that is "195 Lbs" struck a nerve with me almost immediately, while the retro-futuristic, sax-driven "Bringin It" made me dream of the day when house, electro and soul will break into the same party, and accelerate both hips and brains with all their funky ways.

The first half of the record is thus more derivative, less focused, but at times better than the second. Maybe there's a geographical explanation for that as the tracks were recorded in various locations, from a soaking wet Leeds all the way to a sunny, cocktail-imbibing Ibiza.

The guitar-centered number "More Time" evolves around a circular note squeezed out against such improbable odds, making the record all the more malleable and, one should admit, a bit surly too. "Pretty Dark" is cut from the same cloth, letting in the guitar factor, even if a little later in the game – the track starts all smooth and lounge-like. And seriously, is that Morse code that I hear on "Still? Yes!"? Beautiful!

Nightmares on Wax may now be less hot on the lips of the underground, and maybe their music goes automatic pilot more often that not. But the duo is building a backdrop of music that is conciliatory in the right measure, by adding more ingredients to their recipe than an aspiring fusion cook. Let's wait and see where the wax sounds will be heading after this.

http://www.properlychilled.com/music/release/profile.php?view=621