12/10/2008

Rodriguez - Sugar Man




Rodriguez - Sugar Man

Esta é uma canção que o mundo não quis ouvir até meados dos anos 90. Originalmente editada em 1970 com o álbum "Cold Fact", disco de estreia de Rodriguez, 'Sugar Man' tem um travo folk e pop tão denunciado que nada faria prever que caísse no esquecimento. Mas foi o que aconteceu, à excepção da África do Sul e da Austrália, que fizeram do disco um clássico instantâneo, ainda que o fenómeno tenha sido sobretudo local.

À medida que a canção e o álbum acumulavam pó no resto do planeta, Sixto Diaz Rodriguez, natural de Detroit, seguia a sua vida, alheio a essas pequenas ilhas de devoção. Em 1995, os jornalistas interessados na história do disco foram encontrá-lo a trabalhar nas obras e a concorrer para um cargo político local. De então para cá, 'Sugar Man' tem conhecido aparições episódicas, como mais recentemente no filme "Candy", de Neil Armfield, que tem o malogrado Heath Ledger como poeta junkie.

Foi só neste Outono de 2008 que a canção e o álbum tiveram o reconhecimento merecido e devido há tanto tempo. A editora Light in the Attic, de Seattle, remasterizou "Cold Fact", a partir das cassetes originais, para uma reedição que inclui entrevistas com Rodriguez, que afinal existe para além do mito. 'Sugar Man', que é como quem diz o homem do cavalo, foi um digno sucessor do homem da pandeireta do Dylan, que surgiu cinco anos antes em "Bringing It All Back Home".

O tema da música anda então à volta do fornecedor de droga e do tempo de espera que um toxicodependente leva para conseguir a sua dose. E começa assim: 'Sugar man, won't you hurry 'cos I'm tired of these scenes/ For a blue coin won't you bring back all those colors to my dreams'. Convém não esquecer que isto é produto de uma América que atravessou os anos 60 sob o efeito de opiáceos ; daí as referências românticas ao vício: 'silver magic ships you carry/ jumpers, coke, sweet Mary Jane'.

Outro factor de interesse de 'Sugar Man' é a presença de ilustres senhores da Motown na produção, que fazem o tema evoluir a partir de linhas de guitarra acústica e aguentar-se até lentamente se esvair no ar. Um tema simples, despido de adereços e que não merecia ter andado arredado do grande público durante tanto tempo.

http://cotonete.clix.pt/quiosque/cotonete_play/index.aspx?id=77

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