30/11/2008

Kidda - Going Up




Kidda - Going Up

2008
Skint / Popstock

Electrónica assente em castelos de areia, com tempero de funk e rave e alguma azeitice. Não é para todos, não é para muitos.

Kidda gosta de brincar à electrónica e não há nada de mal com isso. Mas isso também não tem nada de especial, pelo que as canções de Going Up são normalmente recebidas com um desinteressado encolher de ombros. O primeiro contacto com a música de Ste McGregor, natural de Brighton, no Reino Unido, foi através de um doze polegadas com três remisturas para “V.I.P.”, além do original, também incluído neste primeiro álbum.

A versão limpa do tema, com voz do MC Psycho Les dos Beatnuts e um coro infantil em fundo, deixou pistas interessantes a explorar. Mas foi sobretudo a remistura de Beathoven, parte do colectivo de hip-hop, funk e turntablism Puma Strut, que mais fascinou por levar os gangsters pela mão até à discoteca da esquina. Nessa edição, Kidda mostrava já algumas das coordenadas da sua música: ambiente de festa rave, muito funk, muita talhada de hip-hop e uma obsessão estranha pela animação de computador.

Chegados a Going Up, é fácil perceber que Kidda tem uma série de equações a resolver e que é dessa natural dificuldade de cálculo que resulta um álbum morno. Por outras palavras, “Under the Sun” só à martelada entra no ouvido do cultor de uma certa forma de fazer electrónica, a de consumo lento e privado. E não será com “Good For You” que ele vai entusiasmar o purista da electrónica fria e impessoal.

Em “Shining 1” entra Gary Lightbody, dos Snow Patrol, e isto até parece um disco de pop choninhas com um amor platónico pelos New Order. Só mesmo “Doo Whot” é capaz de içar a cabeça de avestruz que muitos enfiaram num buraco desde o fim de A Tribe Called Quest (eles regressaram timidamente em 2006, por isso a hibernação já vai mais longa do que era suposto). Aí, o rapper Blak Twang dá uma demão de hip-hop arejado num disco que não encontra morada em parte nenhuma.

Kidda gosta de brincar à electrónica e não há mal nenhum nisso, repetimos. Mas também é verdade que abusa dos efeitos e da voz de balão com hélio que atinge picos de saturação na última faixa, “Smile”. Este é um disco que funciona lindamente dentro de um carro, a caminho da praia, e com as janelas abertas para entrar o Verão. No resto do ano, Kidda quase parece um insulto por se lhe adivinhar um sorriso pateta a todo o instante.

http://www.bodyspace.net/album.php?album_id=1449

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