25/11/2008

uma carta de amor

quando digo que a cat power é a mulher da minha vida (e digo-o muitas vezes), é obviamente platónico o que sinto. e digo-o apenas porque ela encarna muitos fantasmas que também são meus. não sei se me faço entender mas é mais ou menos isto, sendo que isto sou eu a deitar-me no divã do freud:

cat power

sei que nunca vais ler isto. escrevo mais para mim do que para ti. mas sei que, de todas as pessoas no mundo, serias das poucas capazes de entender. talvez porque sentes algo parecido pelo bob dylan. ao ponto de lhe teres escrito uma música em que lhe entregas o coração. sabes, sinto que isto não vai acabar bem e isso preocupa-me. no fundo, vais gravando canções só para te manteres ocupada. mas sabemos os dois como és frágil e sensível. tenho pena porque gostava de te ouvir daqui a 10 anos com coisas novas. na tua última passagem por lisboa, disseste no coliseu que estavas bem, que tinhas sorte. mentes tão mal! muitos dos meus amigos já não te ligam nenhuma. sim, os mesmos que agitavam o moon pix como um dos melhores discos dos 90. não percebem que as pessoas fazem o que podem. eu sinto-te um bocadinho mais feliz agora e isso é importante. porra, que se lixe a arte, quero é que fiques bem! ainda te lembras quando gravavas música com o steve shelley, na altura o baterista dos sonic youth? ou quando, acabadinha de chegar a nova iorque, abrias para a liz phair? parecias capaz de quase tudo. ainda és capaz de muita coisa. mas é tudo tão ensurdecedor, não é? até a música, eu sei! como se vive assim? e como se sobrevive à morte dos amigos? como é que eles me morrem assim, deves perguntar-te muitas vezes. acho que eles iam querer que cuidasses melhor de ti. adorava poder pensar de outra forma mas sei que isto não vai acabar bem para ti. tenho muita pena. sempre que ouço os teus discos, sinto-me triste mas também me sinto compreendido. nunca te conheci, não te olhei ainda nos olhos nem preciso! mas és tão bonita! e também por isso devias ficar por cá mais tempo. será pedir muito?

7 comentários:

Unknown disse...

Lindo! A hopeless romantic, I see...











PS - E seria tão mais perfeita a carta se fosse escrita a pensar na Leslie!... =P

Helder Gomes disse...

Romântico, pois claro! Quanto ao "hopeless", finjo ser sim mas, no fundo, acabo sempre por me deixar levar pela crendice no amor.

A Leslie Feist é fixe, vem do Canadá e eu gosto do país. Mas não seria capaz de lhe escrever uma carta de amor.

silly boy blue disse...

Os meus Parabéns, um texto muito bonito, e como eu o compreendo... Também sinto o mesmo quando ouço a música dela, tenho medo que desapareça. A última vez que a Cat Power esteve no Porto encontrei-a na rua, fui ter com Ela mas fiquei sem palavras, fiz papel de palermita, até Ela me deu festival, hehehe. Convido-te a ler o que escrevi no meu blog (http://avidaemsibemol.blogspot.com/2006/12/estou-apaixonado.html - Monday, December 04, 2006) aquando da passagem dela pela Aula Magna (na altura do Greatest) e a visitar o meu: www.myspace.com\sillyboyblues.

Um abraço!

Helder Gomes disse...

Obrigado pelo comentário, Silly Boy Blue! Respondo-te quando conseguir ler essa tua sugestão. Para já, digo-te que removi o teu primeiro comentário porque estava repetido.

Helder Gomes disse...

Silly Boy:
Exacto, é isso mesmo! Mas sabes que "The Greatest" foi o disco de ruptura com alguns dos seus primeiros seguidores. É que até aí ela não tinha mostrado a sua voz soul cheia de mel de uma forma tão denunciada... Se conheces os dois primeiros discos dela, "Dear Sir" e "Myra Lee", ouves ali uma voz arranhadíssima, típica até do hardcore. Há quem não lhe perdoe o aburguesamento por ter agora um registo mais doce, vender mais e encher salas. Ou mesmo por ter feito publicidade para a Chanel. Mas nunca tive muita paciência para isso! Gosto dela e pronto. Ponto.

Unknown disse...

Leipzig, Alemanha \o/

Helder Gomes disse...

da alemanha só conheço dois aeroportos, o de munique e o de frankfurt. gostei de ambos!