Segundo o Instituto Nacional de Estatística, as touradas geraram em 2007 mais receita do que a música erudita e a ópera juntas. Este é um dado que diz muito do grau de paralisia e atraso de um país. Custa-me que os portugueses desembolsem mais para ver uma barbárie do que para ouvir uma ópera de Wagner. A última vez que pensei nisto a sério concluí que a tourada consiste em espetar lanças afiadas num animal e obrigá-lo a correr com aquilo no dorso. Pobre e ensanguentado, a rasgar a pele! Os defensores desta merda puxam de um argumentário medieval: que o animal não sofre, que a luta na arena mostra a real bravura de um homem e outros que tais. Triste bicho este que tem de passar pelo inferno, às mãos da mais egoísta criatura à face da Terra.
31/01/2009
Chiwoniso - Rebel Woman
Se o mito do doce revolucionário tem algum fundo de verdade, as canções de Chiwoniso Maraire podem muito bem tornar-se o seu livro de orações. Nascida em 1976 em Olympia, no estado norte-americano de Washington, aos 14 anos Chiwoniso muda-se com a família para o Zimbabwe. Desde então, tem sido uma voz que se levanta em defesa da mulher africana e, em particular, da mulher do país que não deixa de ser o seu.
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discos
Blog da Semana: Metalurgia Sonora
Projecto de um homem só, o Metalurgia Sonora está no ar desde o Verão de 2005, com o objectivo de «divulgar as sonoridades mais pesadas do rock». Quem o diz é o seu autor, Carlos Alberto Loureiro, que tenta dar «sempre um especial destaque e apoio ao panorama nacional». Mas o que faz um museólogo dedicar-se à actualização de um blog dedicado ao metal? «Essencialmente o gosto» que nutre pelo género, confessa ao Cotonete o criador do blog em destaque esta semana.
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Blog da Semana
29/01/2009
o mundo em chamas
Já sei que o mundo arde lá fora. Hoje estou-me nas tintas para isso e para tudo o resto, para todos os restos. Não leves a mal o meu cinismo, a minha criminosa indiferença. Eu não sou assim, não o sou todos os dias. É tudo uma enorme peça de teatro e foram-me buscar porque ainda acreditam no teatro amador. Sabia que iria acabar por acontecer. Aconteceu hoje. Mostro sempre o meu lado mais imbecil como cartão de apresentação. Esvazio as expectativas que possas ter sobre mim. Não o faço por mal. Faço porque não sei fazer quase nada. E porque dá trabalho tentar ser de outra forma e eu sou preguiçoso. Gosto do ócio, de passar a tarde em esplanadas ao sol. Não me iludo, sei que não esperarás muito de mim. Sei que o mundo nem me conhece nem espera nada de mim. Mas olha lá de novo pela janela: o mundo arde. Triste fim o dele, não é? Eu próprio não espero grande coisa de mim. Mas sabes, recuso-me a arder com ele. E tu que nem sequer existes. Existe lá!
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Esplendor na Relva
28/01/2009
Robert Strauss - Mr Feelings
2007
BBE Records / PopStock!
Uma tentativa nada inglória de reanimar os gloriosos tempos do disco. O paramédico Strauss sai-se bem com o desfibrilhador.
Este disco dá vontade de mudar de penteado, vestir uma camisa de folhos e umas calças imensas e calçar umas botas com tacão de 10 centímetros de altura. Mr Feelings tem todo o ar de álbum dos anos 70 e 80, no tempo em que o disco era mais do que uma rodela de plástico e patrocinava as gloriosas “boogie nights”. O canadiano Robert Strauss é um assumido cultor do kitsch da pista de dança mais inflamada, derramando litros de brilhantina vintage nas produções que assina.
A acompanhá-lo na tarefa de esgravatar fundo para trazer esse El Dorado para os dias de hoje, tem uma banda de oito elementos que está para o disco como os Jazzanova do último Of All the Things estiveram para a soul. O que sai deste forno revivalista é um apurado sentido de estética que abusa dos mais apimentados ingredientes: o jazz de cocktail de “Party in My Body”, o hip-hop da velha escola em “Fukk Around” (com Moka Only) e a techno-soul elegante de “Close Your Eyes”.
O produtor Leroy Burgess, autêntico monstro do disco, dá um toque de charme classicista a “Hot Like an Oven”, na segunda parte de Mr Feelings e quando já nem damos pelas estopinhas a escorrer azeite para a pista. Este é também um disco de prazeres privados e algo inconfessáveis, que desafia os limites do bom gosto e chega a tocar a piroseira. Mas a verdade é que enquanto ele roda, queremos as luzes apagadas e uma bola de espelhos a talhar feixes de inúmeras cores.
Nos últimos momentos do disco, percebe-se até uma preocupação em fechar a pista, arrumar ideias e voltar a pôr o pé na rua para regressar a casa. Assim de rajada, “Slow Dancing” é embalo romântico para os amores começados numa hora e não consumados na seguinte. “Night Rhythm”, com Miles Raine, é techno minimal e house microscópica a convergirem para a frieza dos metais. E “Song For Vanja” é já só jazz fora de horas onde antes havia camadas de temperos e sabores.
O regresso de Robert Strauss, em 2007, apela mais às ancas do que à cabeça e vem em contramão relativamente à produção electrónica actual, mais apostada em apontar para o sofá. E é favor enviar este disco ao cuidado de Matt Groening. Disco Stu, uma das personagens mais conseguidas dos Simpsons, devia ouvir Mr Feelings logo ao pequeno-almoço. Talvez assim não se sentisse tão deslocado no tempo.
http://www.bodyspace.net/album.php?album_id=1491
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discos
27/01/2009
Sr. Alfaiate regressa em Março
O Sr. Alfaiate prepara-se para editar o sucessor de "A Vida na Ponta dos Dedos", lançado em 2006. Em entrevista exclusiva ao Cotonete, Nelson Duarte (o seu verdadeiro nome) revelou que o trabalho está «praticamente acabado» e deverá sair em Março.
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notícias
26/01/2009
Bandas: Mapa Astral de 2009
As listas de fim de ano são a Assembleia-Geral de qualquer publicação especializada em música. A tribo reúne-se para novamente ouvir à lupa e agrupar os discos que marcaram o ano prestes a findar. Mas, nos últimos tempos, tem-se assistido também a uma outra tendência, a de tentar prever quais serão os artistas marcantes do ano que arranca.
O Cotonete junta-se a esse exercício futurista e aposta em 11 nomes que podem “explodir” em 2009. Da pop electrónica dos Bag Raiders, Golden Filter ou Little Boots à sujidade soul e hip-hop de Theophilus London, passando pelo indie gospel dos Welcome Wagon e a indie pop de Florence and the Machine, não fica nada de fora.
No capítulo das consagrações, nem queremos ouvir falar deste ano sem a merecida vénia a Diplo e a descoberta dos N.A.S.A., esse projecto espacial de quatro letrinhas apenas. Na selecção nacional, as nossas apostas vão para três nomes: o rock alternativo dos doismileoito, o fado de Carminho e as manobras de DJ Ride. No final do ano, voltaremos a este espaço para ver se a bola de cristal nos enganou.
Diplo já não é completamente desconhecido entre os consumidores de música mais atentos. O nome do produtor norte-americano surge colado a muita da música interessante que se produz actualmente. No entanto, o trabalho de Diplo tem sido, no essencial e para o grande público, um trabalho silencioso e de bastidores.
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DJ Ride já anda a fazer beats e scratching desde 2002, mas este ano o jovem produtor português vai ter a agenda particularmente ocupada. Em conversa com o Cotonete, o músico revelou que irá lançar, no final deste mês, um vinil de scratching, a «primeira ferramenta do género» em Portugal.
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Os oráculos da imprensa especializada começam a afinar as suas previsões para 2009 pelas notas de Little Boots. Victoria Hesketh de seu nome, a cantora e teclista de 24 anos começa a distribuir jogo na roleta da electropop. E não está com meias medidas: cita influências como Gary Numan e Kate Bush, mas também David Bowie.
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Começou por ser falado por meia-dúzia de publicações especializadas mas tem tudo para assumir proporções enormes, comparáveis aos nomes envolvidos. Afinal, não é todos os dias que se junta, no mesmo disco e para o mesmo projecto, Tom Waits, David Byrne, Chuck D, M.I.A. e Kanye West, entre outros. Os N.A.S.A. (North America South America) são o produtor norte-americano Squeak E. Clean e o DJ brasileiro Zegon.
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especiais
Marcelo Camelo - Sou
Uma década depois da sua formação, os Los Hermanos interrompem a actividade em 2007 por tempo indeterminado. No mesmo ano, o vocalista e guitarrista Marcelo Camelo atira-se à gravação do que viria a ser a sua estreia a solo. "Sou" (que também pode ser lido como "Nós") foi editado no Brasil no ano passado e chega agora a Portugal, depois de um inflamado concerto no Super Bock em Stock, já no Inverno de Lisboa.
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discos
25/01/2009
A outra mixtape do subsolo de Brooklyn
Esta semana, o Coffee Breakz voltou a sentir nostalgia da mixtape e, por isso, traz à antena o segundo volume de "Almost Fameless", captada a partir de Brooklyn. Ainda vamos a Seattle e a Estocolmo, sem esquecer Paris, onde vive Abd Al Malik, um poeta e rapper muçulmano, que aconselhamos ao cardeal-patriarca de Lisboa.
01 Transient Shake em Down
02 Abd Al Malik 12 Septembre 2001
03 N.A.S.A. Whachadoin? (feat. Spank Rock, M.I.A., Santogold & Nick Zinner)
04 Almost Fameless Mixtape Vol.2
4.1 Day by Day w JakeLefco, beat by euphAmism
4.2 The Bellamy w folklore, illspokinn, beat by Andy Bangers
4.3 Behind w Renaissance, beat by Swell
4.4 Here Now w RyanONeil, beat by euphAmism
4.5 Weekend Lover w JakeLefco, beat by Andy Bangers
4.6 Never Enough w RabbiD, beat by SmutVillain
4.7 The Flood, beat by euphAmism
4.8 It Ain't Nothin', beat by euphAmism
4.9 The Truth w Scholarman, beat by Andy Bangers
410 Classic Rock w brokeMC, Bisc1, beat by 3 Weeks w_a Snare
05 Mt. St. Helens Vietnam Band Anchors Dropped
06 The Sound of Arrows M.A.G.I.C.
07 NewVillager Rich Doors
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emitido a 20 Janeiro
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Rádio Zero
Sonic Youth misturam disco
Os Sonic Youth estão, nesta altura, a misturar aquele que será o primeiro álbum da banda para a editora Matador. O processo pode ser acompanhado diariamente no Twitter da formação nova-iorquina, tal como escrevia a publicação online Pitchfork no início desta semana.
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notícias
Sufjan em retratamento hip-hop
A dupla de produtores de Nova Iorque, The Metermaids, acaba de editar um trabalho que mistura o seu próprio álbum do ano passado com o disco de 2005 de Sufjan Stevens. "Nightlife in Illinoise" é um cruzamento entre o hip-hop de "Nightlife" e a folk de inspiração indie presente em "Illinoise" do músico norte-americano.
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notícias
Buraka: nota positiva na Pitchfork
O disco de estreia dos Buraka Som Sistema, "Black Diamond", recebeu 7.9 valores em 10 na apreciação da Pitchfork. A Bíblia da comunidade indie online, que pode ser consultada aqui, faz uma análise cuidada do álbum, salientando «o seu constante jogo de sedução com o colapso».
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notícias
24/01/2009
Bag Raiders com disco em 2009
Os Bag Raiders (na foto), uma das apostas do Cotonete para 2009, preparam-se para começar a trabalhar no primeiro álbum, que contam lançar ainda na primeira metade do ano. Em entrevista exclusiva, a partir de um cyber café na Tailândia, a dupla australiana revelou que já está «a falar com algumas editoras» para o sucessor do 12 polegadas "Turbo Love".
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notícias
Theophilus London lança mixtape
O rapper Theophilus London, natural de Brooklyn, em Nova Iorque, vai editar "This Charming Mixtape" na próxima sexta-feira (23/01). O lançamento, que sucede à mixtape "Jam" do ano passado, será feito através da sua página do MySpace.
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notícias
23/01/2009
Julie Doiron - Consolation Prize
Os discos de Julie Doiron são dos que mais facilmente acumulam pó na prateleira dedicada ao indie rock. Lembramo-nos sem dificuldade de nomes como Shannon Wright e Cat Power (no feminino), de Elliott Smith e Smog (no masculino) e dos Low (no colectivo) para descrever aquele som outonal e debulhado que alguém um dia chamou "sadcore". E, no entanto, desde meados dos anos 90 que Doiron tem lugar cativo na galeria das princesas indie.
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Cotonete Play
Common - Universal Mind Control
As saudações são feitas por uma voz feminina que, em francês, anuncia o início de uma nova era. Os segundos iniciais do tema-título, que são também os primeiros momentos do oitavo disco de Common, fazem temer o pior. 'Universal Mind Control' é de uma azeitice electro tão grande que, se o disparate continuasse nas restantes canções, chegava para desbaratar um passado ligado ao hip-hop mais puro.
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discos
Novalima - Coba Coba
Os Novalima são um quarteto de peruanos amigos de liceu, que começaram a trabalhar juntos quando já viviam repartidos pelo mundo. A partir de Lima, Barcelona, Londres e Hong Kong, os músicos editaram um primeiro disco homónimo em 2003. Seguiu-se "Afro" em 2006 e agora "Coba Coba", um álbum que aprofunda a ligação entre a música de raiz afro-peruana e a cultura de DJ.
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discos
22/01/2009
o eclipse
Esta semana, a revista Sábado titula, na capa, "Portuguesas perseguidas pelos maridos islâmicos". Na semana passada, o jornal Público chamava, também para a primeira página, uma reportagem sobre casos bem-sucedidos de casais inter-religiosos. É só de mim ou deveria ter sido possível ler sobre as duas realidades no jornal e na revista? Ninguém, com as vistas mais largas do que o seu próprio quarto, desconhecerá que ambas as situações ocorrem. Assim na terra como no céu.
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Escreve Helena Matos:
"Em nenhum outro caso, como nos investimentos de capitais angolanos, se ouvem, em Portugal, tantas histórias sobre corrupção, chantagem e tráfico de influências."
"(...) as notícias sobre Angola oscilam entre o paternalismo pós-colonial e o mais subserviente dos silêncios."
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Escreve Helena Matos:
"Em nenhum outro caso, como nos investimentos de capitais angolanos, se ouvem, em Portugal, tantas histórias sobre corrupção, chantagem e tráfico de influências."
"(...) as notícias sobre Angola oscilam entre o paternalismo pós-colonial e o mais subserviente dos silêncios."
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Esplendor na Relva
20/01/2009
Obama e imigrantes
Claro que Barack Hussein Obama vai desiludir. Como não? Há uns quantos arautos da desgraça, consumidos pelo cinismo e por um anti-americanismo primário, que baseiam a sua argumentação contra Obama nesse lapso de tempo entre a tomada de posse e o primeiro deslize. Nessa altura, vão dizer que eles bem disseram, que o único homem capaz de fabricar esperança para este mundo afinal falhou. Conhecem algum Presidente que não tenha desiludido uma parte, ou até mesmo uma grande parte, do eleitorado que o pôs lá? Pois eu também não! A mim parece-me claro como água que não basta apregoar a igualdade de oportunidades, é mesmo necessário que ela tenha consequências práticas. É importante haver um Presidente negro na América para que isso deixe de ser importante. Não percebem? Olhem em volta, escutem os comentários racistas! É esse o mundo que queremos deixar para os nossos filhos? Eu sei que vou adorar poder contar que vi a História construir-se à minha frente. É impagável ter visto miúdos em Nova Iorque, a um ano da eleição, entusiasmados com a política! Como terá sido impagável festejar a vitória de Obama no Bronx! Há outra coisa: nós os que acreditamos nele ainda não perdemos a ilusão e a capacidade de sonhar. E isso é bom.
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Eu já tinha falado sobre os projectos de lei de Paulo Portas para a imigração num post particularmente violento. Mas, como eu sou uma besta sem formação nem cultura, vamos ouvir José Ribeiro e Castro, colega de partido e deputado ao Parlamento Europeu pelo CDS/PP:
"Não escondendo propósitos eleitoralistas, as propostas configuram sobretudo uma lei de expulsão de estrangeiros, baixando cegamente o limiar das molduras penais que determinariam aquele efeito. E procuram jogar com a ignorância de sectores da opinião pública, explorando de modo irresponsável a associação leviana da imigração à criminalidade";
"São propostas que não denotam traço de respeito pela pessoa humana";
"Foi-se ao ponto de exigir que até os menores, filhos de estrangeiros, nascidos em Portugal, tivessem, além de todos os demais requisitos, que fazer prova de "capacidade para garantir a sua subsistência", a fim de adquirirem a nacionalidade portuguesa. Até os menores!"
in Público, 20 Jan 2009
Claro que alguém com tal humanidade não poderia durar muito à frente dos destinos do CDS-PP!
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Quando sinto que o mundo pode estar perdido, aninho-me na música de Marvin Gaye:
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Eu já tinha falado sobre os projectos de lei de Paulo Portas para a imigração num post particularmente violento. Mas, como eu sou uma besta sem formação nem cultura, vamos ouvir José Ribeiro e Castro, colega de partido e deputado ao Parlamento Europeu pelo CDS/PP:
"Não escondendo propósitos eleitoralistas, as propostas configuram sobretudo uma lei de expulsão de estrangeiros, baixando cegamente o limiar das molduras penais que determinariam aquele efeito. E procuram jogar com a ignorância de sectores da opinião pública, explorando de modo irresponsável a associação leviana da imigração à criminalidade";
"São propostas que não denotam traço de respeito pela pessoa humana";
"Foi-se ao ponto de exigir que até os menores, filhos de estrangeiros, nascidos em Portugal, tivessem, além de todos os demais requisitos, que fazer prova de "capacidade para garantir a sua subsistência", a fim de adquirirem a nacionalidade portuguesa. Até os menores!"
in Público, 20 Jan 2009
Claro que alguém com tal humanidade não poderia durar muito à frente dos destinos do CDS-PP!
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Quando sinto que o mundo pode estar perdido, aninho-me na música de Marvin Gaye:
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Esplendor na Relva
18/01/2009
Scarlett
Quando uma actriz se põe a fazer música, o resultado costuma ser pouco menos do que desastroso. Mas não é sempre assim. Com Scarlett Johansson não foi nada assim. No ano passado, ela decidiu gravar um disco com versões de Tom Waits. Consta que até o próprio gostou! Já vi alguns homens desistirem de todas as outras mulheres no mundo por Scarlett. Descontando o que isso obviamente tem de platónico, até consigo perceber um tão radical corte com a realidade. Como quando, sentados no conforto de uma sala de cinema, decidimos suspender a realidade por duas horas. E entender como possíveis cenas que, quando olhadas racionalmente, não passariam da categoria da mais pura e delirante fantasia. Desconfio que até as mulheres fantasiam com Scarlett. Aquelas que habitualmente gostam de homens, as outras certamente que o fazem todos os dias. Ela tem aqueles traços de estrela do cinema clássico americano, sem nunca perder um pingo de modernidade. E tem curvas que denunciam como gosta de comer. E isso é tão bonito! Há poucos prazeres melhores do que ver uma mulher engolir com gosto um prato de comida, num restaurante com classe, e ainda pedir para repetir!
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Esplendor na Relva
17/01/2009
Posto de escuta: The Strange Love Project
O posto de escuta do Coffee Breakz abre-se esta semana a "The Strange Love Project", uma mixtape que remistura o álbum do ano passado de Bisc1 (na foto). Mas o arranque faz-se ao som de uma cavalgada de notas e da electropop infectada de mais um duo de Brooklyn. Há ainda uma versão de Willie Nelson e tudo acaba onde começou, ou seja, no Canadá.
01 Land of Kush Against the Day
02 Telepathe Lights Go Down
03 Tim Hecker Sea of Pulses
04 Posto de escuta: The Strange Love Project
4.1 Bisc1 - Nightfall rmx (prod. by Le Parasite)
4.2 Turbulence rmx blend (prod. by Scott Thorough & Cassettes Won't Listen)
4.3 remixtape interlude 1
4.4 Pandemonium rmx (feat & prod. by Broke Mc)
4.5 remixtape interlude 2
4.6 Unconditional rmx (prod. by Core Rhythm)
4.7 Sidelines rmx (prod. by Coole High)
4.8 Great Escape (rmx blend (prod. by Esen & Omega One)
4.9 remixtape interlude 3
4.10 Another Day rmx (prod. by Kils)
4.11 remixtape interlude 4
4.12 Strange Love rmx (prod. by Snafu)
05 Phosphorescent Reasons to Quit
06 Here We Go Magic Tunnelvision
07 Japandroids Young Hearts Spark Fire
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emitido a 13 Janeiro
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Rádio Zero
solidão
Um dia eu hei-de enlouquecer de solidão. Olho em volta e só vejo pessoas agarradas a uma vida pequenina, falha de desafios para lá da milimétrica sucessão de dias e noites. De bicas e sandes mistas antes do trabalho, de churrascos ao domingo, de filas na ponte no regresso a Lisboa, depois do fim-de-semana na casa de Sesimbra. De metal retorcido na estrada pela aceleração descuidada, do Benfica sucessivamente derrotado em casa, de políticos egoístas e autistas, irremediavelmente autistas e egoístas, perdidos na vertigem do poder. Podres. Torpes. Perto do fim? Não mexam na normalidade estupidificante desta gente! Racista. Automatizada. Xenófoba. Intolerante. Ignorante. Não lhe mostrem a diferença, odeiam-na! Não lhe tentem mostrar as páginas da História, manchadas de mortes estúpidas, guerras evitáveis, ódios provenientes do goto. A diferença não cabe. A diferença é diferente, logo perigosa, logo a combater. Que nada desvie esta gente da maratona de novelas da noite. Das músicas gastas e chatas. Do lugar-comum pronto a tirar da algibeira e atestar nas outras gentes. Das glórias fáceis. É, um dia destes, não me safo e enlouqueço de solidão.
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Esplendor na Relva
Abd Al Malik - 12 Septembre 2001
Até ao início desta semana, não conhecíamos no cardeal-patriarca de Lisboa vocação de conselheiro sentimental. Mas D. José Policarpo produziu estas declarações imprudentes e algo incendiárias, em jeito de alerta às jovens portuguesas: casar com um muçulmano «é meter-se num monte de sarilhos, nem Alá sabe onde é que acabam». Isto é preocupante dito por alguém com particulares responsabilidades na promoção do diálogo entre as religiões.
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Cotonete Play
Blog da Semana: Diz que Não Gosta de Música Clássica?
O universo pop/rock é objecto de divulgação mais ou menos informada em praticamente todos os meios existentes. Até as franjas mais marginais têm o seu espaço, numa época em que se começam a esbater as fronteiras entre o comercial e o alternativo. Mas o que dizer da chamada música erudita? A resposta pode ser encontrada no mais democrata dos meios, o ciberespaço.
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Blog da Semana
Maria João Quadros - Fado Mulato
"Fado Mulato" é um disco que canta o fado sem ser necessariamente fado o que canta. E há uma grande diferença entre uma coisa e outra: as referências ao fado estão em toda a parte, nos títulos das canções, nas letras, até na musicalidade. Mas um fado mulato nunca poderia ser fado no seu estado puro, da mesma forma que um galão não é café nem leite, antes uma mistura dos dois.
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discos
Nitin Sawhney - London Undersound
À medida que a cozinha de fusão ganha cada vez mais seguidores, a música de fusão, que enche a alma em vez do bucho, perde o fulgor de outrora. Não deverá, por isso, ser muito fácil resistir, por estes dias, como Nitin Sawhney. Ou até mesmo como os Thievery Corporation. Já ninguém parece genuinamente interessado na Washington destes ou na Londres daquele. E, no entanto, nunca como hoje esta música merecia ser ouvida com urgência.
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discos
15/01/2009
no Público de hoje
Quem não gostou de todo das declarações do patriarca foi Catarina Morais, portuguesa, casada com um muçulmano. "Estou escandalizada", disse ao PÚBLICO. As palavras do patriarca deixaram-na "tão furiosa" que está a ponderar apresentar uma queixa-crime. "O que o cardeal-patriarca disse ofendeu-me ainda mais a mim do que ao meu marido. Mas, sobretudo, ofendeu muito as minhas filhas, que são fruto desta relação não aconselhada".
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Esplendor na Relva
14/01/2009
os muçulmanos
Que a Igreja Católica sempre teve problemas com o sexo não é novidade nenhuma. Agora o que não eu esperava mesmo era ver o Cardeal Patriarca de Lisboa dar uma de conselheiro sentimental. Ontem, D. José Policarpo alertou as jovens portuguesas para o risco do relacionamento com muçulmanos. Que casar com eles é meter-se num “monte de sarilhos”. Até dou de barato o profundo racismo e ignorância que estas palavras encerram, porque infelizmente já me vou habituando a ouvir destas pérolas neste país. Mas custa mais ouvi-las de alguém que tem responsabilidades no diálogo com outras comunidades religiosas e sensibilidades culturais. E mais ainda de alguém que até já tinha dado provas de uma grande humanidade. De resto, estas palavras merecem o mesmo destino da criminosa teimosia da Igreja Católica contra o preservativo (quando a Sida mata todos os dias). Esse destino é obviamente o caixote do lixo!
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Esplendor na Relva
12/01/2009
o eu da narrativa
Quando entraste, percebi algo diferente em ti. Estavas ainda mais bonita! Entras sempre com um sorriso, que me esforço por devolver mas que sai sempre de forma atabalhoada. Pois, é o melhor que consigo fazer.
Losing the star without a sky
Losing the reasons why
Quando, mais tarde, nos cruzámos - já reparaste que eu faço sempre tudo para nos cruzarmos? - e te perguntei por onde tinhas andado nos últimos dias, disseste-me que passaste o ano em Salvador da Bahia. Não disseste exactamente isto, nunca fui bom a recriar conversas.
It's damned if you don't and it's damned if you do
Be true 'cause they'll lock you up in a sad sad zoo
Eu sabia que hoje havia qualquer coisa diferente em ti. O sol brasileiro sempre fez bem à pele das mulheres! Mas desconfio que não tens qualquer existência terrena e apenas existes para mim. E eu só queria que existisses para nós.
Blue smoke will take
A very violent flight
And you will be changed
Losing the star without a sky
Losing the reasons why
Quando, mais tarde, nos cruzámos - já reparaste que eu faço sempre tudo para nos cruzarmos? - e te perguntei por onde tinhas andado nos últimos dias, disseste-me que passaste o ano em Salvador da Bahia. Não disseste exactamente isto, nunca fui bom a recriar conversas.
It's damned if you don't and it's damned if you do
Be true 'cause they'll lock you up in a sad sad zoo
Eu sabia que hoje havia qualquer coisa diferente em ti. O sol brasileiro sempre fez bem à pele das mulheres! Mas desconfio que não tens qualquer existência terrena e apenas existes para mim. E eu só queria que existisses para nós.
Blue smoke will take
A very violent flight
And you will be changed
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11/01/2009
Nos pratos com Diplo
É um início de ano marcado pelo jazz e pela soul no Coffee Breakz, que estreia uma nova rubrica. Vamos estar nos pratos com Diplo, um produtor estabelecido em Filadélfia, que remisturou gente como M.I.A., CCS e Peter, Bjorn & John. Ainda um café duplo com Gotan Project e uma remistura dos TV on the Radio por Prefuse 73.
01 El Perro del Mar Auld Lang Syne
02 Alice Russell Got the Hunger?
03 Chin Chin Go There With You
04 Heroes of the Dancefloor The Knack
05 Nos pratos com Diplo
5.1 M.I.A. Paper Planes (Diplo remix)
5.2 CSS Let's Make Love... (Diplo remix)
5.3 Peter, Bjorn & John Young Folks (Diplo Youngest Folks remix)
06 Gotan Project Santa Maria (del Buen Ayre)
07 Gotan Project Diferente (version orquestal)
08 Sussie 4 Solo Voy
09 Cotton Jones Blood Red Sentimental Blues
10 TV on the Radio Dancing Choose (Prefuse 73 remix)
11 Niam Big Dreams
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emitido a 6 Janeiro
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Rádio Zero
N.A.S.A. aterra em Fevereiro
O projecto N.A.S.A., que junta o produtor norte-americano Squeak E. Clean e o DJ brasileiro Zegon, vai lançar o disco de estreia "The Spirit of Apollo", no próximo dia 17 de Fevereiro.
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notícias
Elizabethtown
Esta noite voltei a este filme:
É uma espécie de prazer privado e quase, quase culpado. Volto a Elizabethtown sempre que preciso que me lembrem como é importante dançar "with one hand waving free". E como, no final de uma longa viagem, todos devíamos ter uma miúda com barrete vermelho à espera.
É uma espécie de prazer privado e quase, quase culpado. Volto a Elizabethtown sempre que preciso que me lembrem como é importante dançar "with one hand waving free". E como, no final de uma longa viagem, todos devíamos ter uma miúda com barrete vermelho à espera.
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10/01/2009
DJ Ride lança disco de scratching
O jovem produtor nacional DJ Ride (na foto) prepara-se para lançar, no final deste mês, um vinil de "scratching". Nas palavras do músico, trata-se da "primeira ferramenta do género" em Portugal.
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notícias
B Fachada - Viola Braguesa & Samuel Úria - Em Bruto
É sempre de eficácia duvidosa levar para uma serenata o livrinho dos salmos numa mão e um disco dos Creed na outra. Ou não se vá dar o caso da menina amada ser de um ateísmo fervoroso e de bom gosto musical. A metáfora serve para, qual profeta, reservar à pop evangélica da emergente editora portuguesa FlorCaveira o mesmo destino do rock cristão: aguenta-se como uma ida à catequese num sábado de chuva mas, a certa altura, assusta como uma missa num domingo de manhã.
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discos
Tropa de Elite (BSO)
"No Rio de Janeiro, quem quer ser policial tem que escolher: ou se corrompe, ou se omite, ou vai para a guerra". É assim que abre o segundo tema, 'Invasão do BOPE', da banda sonora do filme "Tropa de Elite". O BOPE é a sigla por que responde o Batalhão de Operações Policiais Especiais, que integra a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, no Brasil. O filme, vencedor do Urso de Ouro na edição 2008 do Festival de Berlim, retrata essa unidade especial que frequentemente faz incursões em favelas e se envolve em confrontos directos com traficantes.
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discos
09/01/2009
M.I.A. - Paper Planes (Diplo remix)
Depois de anos a fazer um trabalho silencioso e a lançar artistas que hoje tomam de assalto as tabelas de vendas, Diplo pode ter em 2009 o reconhecimento merecido. No final de Janeiro, vai ser editado "Decent Work For Decent Pay", um disco que reúne algumas das remisturas que o produtor norte-americano acumulou ao longo dos anos. Bloc Party, Daft Punk, Hot Chip e os brasileiros Bonde do Rolê e Cansei de Ser Sexy são alguns exemplos.
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Cotonete Play
#95: As sobras do ano
Para o último Coffee Breakz de 2008, reservámos as sobras do ano. Canções que não fizeram o suficiente para merecer destaque nas listas de discos mas que queremos levar como recordação. Vamos ouvir Beach House (na foto), Gang Gang Dance, The Dodos, Max Tundra e mais. 2009 entre nós vai ser bom, nem que seja para combater a crise.
01 Dead Combo Putos a Roubar Maçãs
02 Beach House Gila
03 Gang Gang Dance House Jam
04 Frightened Rabbit The Modern Leper
05 Kelly Polar Entropy Reigns (In the Celestial City)
06 The Dodos Fools
07 Women Black Rice
08 Jay Reatard Always Wanting More
09 Love Is All Wishing Well
10 Wale The Kramer
11 The Mae Shi Run to Your Grave
12 Max Tundra Which Song
13 Little Boots Stuck on Repeat
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emitido a 30 Dezembro
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Rádio Zero
06/01/2009
crianças
Hoje acordei com enjoos matinais. Daqueles que só são permitidos às grávidas e que, em princípio, a minha condição masculina proíbe. Foram talvez de ontem à noite ter visto um vídeo que mostra miúdos mortos ou feridos. Ficou-me na cabeça a imagem daquele rapazinho palestiniano de olhar perdido, a face ensanguentada e uma inércia imprópria para a idade. Lembro-me sempre de um pequeno livro com ensaios de Amos Oz, um dos israelitas mais lúcidos neste mundo. Li-o há uns dois anos mas lembro-me que uma das suas principais teorias é que as duas partes têm de estar dispostas a fazer concessões, verdadeiras concessões. Lembro-me também de uma piada que a avó dele costumava contar. Um dia, Deus desceu à Terra e acercaram-se dele um católico, um judeu e um muçulmano. Perguntaram-lhe qual era a verdadeira religião. Ao que ele respondeu: “Religião? Mas eu não ligo nenhuma à religião!” Mas ninguém está a ouvir. Estão todos distraídos com birras estúpidas, a lançar bombas ou a fazerem-se explodir. Enquanto isso, os miúdos (são só miúdos, porra!) não podem fazer as birras próprias da idade. Nem brincar.
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Esplendor na Relva
04/01/2009
Beastie Boys - Pass the Mic
Já a pensar num dos prováveis grandes lançamentos deste 2009, o primeiro Cotonete Play do ano recupera os Beastie Boys. No final do mês, vai ser reeditado "Paul's Boutique", um disco olimpicamente ignorado há 20 anos mas que foi e é objecto de enorme culto e respeito, ainda que estes tenham sido tardios junto da crítica. Para além dessa boa notícia, que virá com os habituais extras das reedições, fala-se ainda de um novo disco dos Beastie Boys a editar também este ano.
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Cotonete Play
Emily Jane White - Dark Undercoat
Emily Jane White tem na voz a mesma fundura de Hope Sandoval, sobretudo da fase Mazzy Star, e as mesmas pregas de negritude de Greg Dully, do período Twilight Singers. A essas referências ela junta ainda uma enorme devoção ao blues e daí sai uma folk escura, exposta em nu integral no disco de estreia, "Dark Undercoat". É nu integral porque a folk quer-se em carne viva, a fazer de porta giratória de amores e desamores e a conservar um fogo sedutor.
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discos
Blog da Semana: Farofa Moderna
A farofa é um prato típico brasileiro que mistura vários ingredientes à farinha de mandioca. O Farofa Moderna é um blog nascido em meados de 2006 e que cobre as áreas do jazz, do blues, da música popular brasileira, da improvisação e das artes em geral. O seu criador, Vagner Pitta, explicou ao Cotonete que o espaço é actualizado por "quatro editores e vários colaboradores indirectos" que enviam links, agenda e outras informações.
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Blog da Semana
Faixa de Gaza
Lembras-te do tempo em que os filmes americanos tinham aquela candura que, em vez de nos irritar, nos deixava enternecidos? Pois bem, esta noite, estava a passar "Mermaids - A Minha Mãe é uma Sereia", uma coisa militantemente piegas. Fiquei a ver. Quando era miúdo, tinha um fraquinho pela Winona Ryder, por causa daquela voz sussurrada. No filme, a irmã dela de 9 anos é interpretada por Christina Ricci. Sempre adorável, a miúda!
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Partimos para qualquer discussão sobre o Médio Oriente com a certeza de que ela acabará sem soluções ou resoluções fáceis. Ninguém no seu perfeito juízo toma partido por um dos lados. Mas fico sempre assustado com a desproporção com que tombam as vítimas. Em apenas uma semana de operação militar, morreram 424 palestinianos e dois mil ficaram feridos. Do lado de Israel, morreram quatro (três civis e um soldado). São sempre vidas perdidas, uma ou 1000, mas isto põe-me a pensar. E agora começou a ofensiva terrestre e isso é uma merda!
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Esta tarde, vi no King "A Valsa com Bashir", um filme animado sobre a guerra do Líbano. Lá estamos nós a ver os bonecos e, nos últimos segundos, levamos com um assustador choque de realidade. Brilhante!
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Resolvi chamar "esplendor na relva" a estas notas soltas (nada a ver com as desinteressantes notas do António Vitorino). É uma óbvia referência ao filme de Elia Kazan, o filme mais bonito do mundo! Foi ele que nos ensinou que o amor pode mesmo levar à loucura.
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Partimos para qualquer discussão sobre o Médio Oriente com a certeza de que ela acabará sem soluções ou resoluções fáceis. Ninguém no seu perfeito juízo toma partido por um dos lados. Mas fico sempre assustado com a desproporção com que tombam as vítimas. Em apenas uma semana de operação militar, morreram 424 palestinianos e dois mil ficaram feridos. Do lado de Israel, morreram quatro (três civis e um soldado). São sempre vidas perdidas, uma ou 1000, mas isto põe-me a pensar. E agora começou a ofensiva terrestre e isso é uma merda!
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Esta tarde, vi no King "A Valsa com Bashir", um filme animado sobre a guerra do Líbano. Lá estamos nós a ver os bonecos e, nos últimos segundos, levamos com um assustador choque de realidade. Brilhante!
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Resolvi chamar "esplendor na relva" a estas notas soltas (nada a ver com as desinteressantes notas do António Vitorino). É uma óbvia referência ao filme de Elia Kazan, o filme mais bonito do mundo! Foi ele que nos ensinou que o amor pode mesmo levar à loucura.
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