Não sou daqueles detractores da obra de Manoel de Oliveira que lhe ridicularizam a imobilidade dos planos. Até já me diverti muito (nos vários sentidos do termo) a ver os filmes dele. Não me chateia nada a quase ausência de movimento de alguns planos em muitos dos seus filmes. Mas também não tenho paciência para a conversa do Manoel como o único cineasta centenário em actividade, do sublimar pelo sublimar. Como qualquer artesão (escrevo isto no sentido lato de quem faz arte), ao fazer filmes vem a jogo e merece ver o seu trabalho atacado ou elogiado. E, no caso de "Singularidades de uma Rapariga Loira", há apenas a reter dois planos - um da janela, em que Luísa Vilaça olha o substituto do amante através da cortina (vendo o amante e não o outro por ser baça a cortina), e outro, o final, congelado nesta foto:

Quanto ao resto, o filme é um bocejo enorme e um desperdício de dinheiro que só acontece por Manoel ser Manoel. Ao menos, João César Monteiro tinha piada, até mesmo quando assaltava o erário público. Há muito que Manoel de Oliveira a perdeu.
Sem comentários:
Enviar um comentário