02/05/2009
Syntheme - Lasers ‘N’ Shit
2009
Planet Mu
Mais um objecto voador pouco identificado no campeonato da electrónica para a cabeça. Isto é acid disco servido com muito funk.
A aparente frieza das programações, na área da electrónica mais cerebral, leva a muita especulação sobre a verdadeira figura humana que se esconde atrás das máquinas. Assim tem sido com Burial, mago do dubstep sem rosto e uma das mais deliciosas incógnitas da música actual. Será Richard D. James? Será Norman Cook? Ou será um tal de William Bevan, a viver no sul de Londres, como o jornal inglês The Independent especulou e o “próprio” confirmou meses mais tarde?
E assim é com Syntheme: não falta na Internet farta faladura sobre a identidade do bicho sintético. Richard D. James, ou Aphex Twin (ou The Tuss, alter-ego especulado para Richard mas negado pela Rephlex Records, morada de ambos), leva a taça de nome mais vezes lançado para a discussão. A editora Planet Mu já tratou de esclarecer (sem, no entanto, convencer todos) que Syntheme é Louise Wood, repartida por cidades como Brighton e Berlim.
As fotografias promocionais mostram uma loirinha a carregar um sequenciador ao ombro, contra um fundo de cores gritantes que remetem para a cena disco. Ou sentada, um dos braços apoiados no chão, o outro a segurar um disco de 33 rotações, e ao lado um leitor portátil de vinil. Há quem defenda, com evidente propriedade, que a conversa à volta da identidade desvia a atenção do essencial, que é sempre a música. Confirma-se: estamos a caminho de fechar o terceiro parágrafo sem escrever nada de relevante sobre Lasers ‘N’ Shit.
Pois que pertençam ao disco as últimas linhas deste texto! Resume-se tudo mais ou menos assim: o acid disco é o chavão mais adequado a estas vinte fatias, cortadas com cutelo de maquinaria electro e servidas com um extraordinário requinte funk. Tudo estala neste álbum que marca o regresso de Syntheme à Planet Mu. Tudo se desenvolve numa frívola cascata de fritura electrónica, beats marados e batidas analógicas a puxar para o digital mais nervoso.
Há umas quantas faixas que importa destacar neste concentrado de uma hora de house esventrado e electro a suar em bica. São elas “Red”, a terceira do alinhamento e a primeira que verdadeiramente faz a síntese definitiva entre um laptop armado em lança-torpedos e o hedonismo próprio das pistas de dança mais inflamadas. Há também a candura da voz feminina no tema inaugural e, mais à frente, o registo mais grave e rasgado de “Xwc”. No seu todo, Lasers ‘N’ Shit é prata electrónica que vende música futurista em papel de embrulho clássico. Embuste, banha da cobra? Não, um excelente negócio!
http://www.bodyspace.net/album.php?album_id=1563
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