31/12/2008

M.I.A. - Paper Planes








"I fly like paper, get high like planes If you catch me at the border I got visas in my name If you come around here, I make 'em all day I get one down in a second if you wait Sometimes I think sitting on trains Every stop I get to I'm clocking that game Everyone's a winner, we're making our fame Bonafide hustler making my name All I wanna do is (bang bang bang bang!) And (kkkaaaa ching!) And take your money Pirate skulls and bones Sticks and stones and weed and bongs Running when we hit 'em Lethal poison through their system No one on the corner has swagger like us Hit me on my Burner prepaid wireless We pack and deliver like UPS trucks Already going hell just pumping that gas All I wanna do is (bang bang bang bang!) And (kkkaaaa ching!) And take your money M.I.A. Third world democracy Yeah, I got more records than the KGB So, uh, no funny business Some some some I some I murder Some I some I let go Some some some I some I murder Some I some I let go"


#94: 2008 em revista (parte 2)






Um conto de Natal feito por uns tipos chamados Murder City Devils não é exactamente um conto de Natal como nos habituámos a ler em Dickens, mas é assim que abrimos mais um Coffee Breakz. Depois dessa prendinha envenenada, fazemos a contagem dos 10 melhores discos nacionais. E fechamos com a senhora que mais nos acompanhou neste 2008.

01 The Murder City Devils 364 Days

os discos nacionais:

02 Os Pontos Negros Conto de Fadas de Sintra a Lisboa (#10)
03 Nel'Assassin Área de Serviço (#9)
04 The Act-Ups Alive Again (#8)
05 The Guys From the Caravan Just Kiss Me (#7)
06 Rocky Marsiano The Meeting (#6)
07 Mafalda Arnauth Amor Abre a Janela (#5)
08 Dead Combo Putos a Roubar Maçãs (#4)
(não passou nesta edição, passa no início da seguinte)
09 Alla Polacca Last Days (#3)
10 Supa Nem Sempre Dá (#2)
11 Buraka Som Sistema Sound of Kuduro (#1)

12 Cat Power Willie Deadwilder




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emitido a 23 Dezembro


discos nacionais 2008 (#1-10)




#1: Buraka Som Sistema - Black Diamond

Buraka Som Sistema - Black Diamond

#2: Supa - Shift

Supa - Shift

Os Supa são actualmente um dos trios mais vigorosos do hip-hop português. O formato de dois MCs (no caso, Gab e Núcleo, dois Factos Reais) e um DJ (nada menos do que DJ Ride, um jovem campeão do scratching) revela-se ganhador num primeiro disco enxuto e sem o colesterol habitual no género. As vozes convidadas deixam um rasto de mel, como em “Nem Sempre Dá” com Jair e “Antes e Agora” com Tamin, o que empresta a Shift uma terna vocação soul. E Núcleo canta crioulo em “Sima Ta Da”, um inesperado número pintado com tintas country e até blues. Este disco é um risco num país adormecido pelo lixo televisivo e pela estupidez como instituição pública de interesses privados. E, no entanto, é também de beats arriscados que se fazem novos amanhãs que cantam.

(texto publicado na lista dos melhores discos nacionais do Bodyspace)

Texto completo (Cotonete)

#3: Alla Polacca - We're Metal and Fire in the Pliers of Time

Alla Polacca - We're Metal and Fire in the Pliers of Time

O que faz um título enigmático como este na lista dos melhores discos de 2008? Primeiro, faz todo o sentido: os Alla Polacca são das coisinhas mais interessantes que a pop portuguesa produziu nos últimos anos. Segundo, faz o que muitos outros não conseguem nem que o Papa faça o pino durante a Quaresma: canções que são narrativas de filmes que são ainda canções. E terceiro, não faz rigorosamente nada para agradar a ninguém, acabando por agradar a quase todos. As letras são do Old Jerusalem Francisco Silva, um tipo que nos ensinou toda a métrica do amor tímido mas avassalador, em April de 2003. A pop abstracta dos Spiritualized mais tenrinhos, a instrumentália vagante dos Mogwai e o experimentalismo de calção a meia perna dos Slint andam todos por aqui, sem que a inspiração seja colhida a papel químico. Longe disso! Os Alla Polacca são metal incandescente mas contentam-se com uma existência pequena de madeiro quase extinto. Ainda bem.

(texto publicado na lista dos melhores discos nacionais do Bodyspace)

Texto completo (Cotonete)

#4: Dead Combo - Lusitânia Playboys

Dead Combo - Lusitânia Playboys

#5: Mafalda Arnauth - Flor de Fado

Mafalda Arnauth - Flor de Fado

#6: Rocky Marsiano - Outside the Pyramid

Rocky Marsiano - Outside the Pyramid

#7: The Guys From the Caravan - Noah's Ark of Pain

The Guys From the Caravan - Noah's Ark of Pain

"é a tradição do rock n' roll posta de molho num banho quente, que tem uma concertina, um kazoo e um ukelele como principais óleos balsâmicos e um sintetizador analógico como sal perfumado"

"um declarado gosto pelo burlesco (o tema 'Guy From the Caravan' tem todo o ar de pintas que desliza os polegares nos suspensórios enquanto assobia para o lado) e pelo leste europeu"

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#8: The Act-Ups - Play the Old Psychedelic Sounds of Today

The Act-Ups - Play the Old Psychedelic Sounds of Today

"o som deles é sujo e directo, aliando a soul encorpada dos Zen Guerrilla à pose glam dos Black Halos"

as três guitarras e o jogo de percussão despejam gasolina num fogo ateado pelo poderoso single 'Alive Again' e pela latinidade à Clash de 'Rumba Los Chicos'

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#9: Nel'Assassin – Reconstrução

Nel'Assassin – Reconstrução

#10: Os Pontos Negros - Magnífico Material Inútil

Os Pontos Negros - Magnífico Material Inútil

"por vezes, dá-se o caso dos fenómenos do Entroncamento se deslocalizarem alguns quilómetros, sem qualquer prejuízo da dimensão invulgar da coisa. Com Os Pontos Negros, o fenómeno fica em plena linha de Sintra"

"o adereço maior deste altar de cartão do rock é a fina ironia da palavra, uma técnica que começa logo nos títulos das canções"

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30/12/2008

#93: 2008 em revista (parte 1)






O Coffee Breakz passa em revista alguns dos melhores momentos de 2008 em concertos e discos internacionais. Não vamos revelar aqui a contagem dos 10 mais para não estragar a festa. Mas podemos adiantar que "Third" dos Portishead não está no primeiro lugar, como aconteceu em muitas listas. Será que anda perto?

actualização:

os concertos:

01 De La Soul The Bizness (feat. Common)
02 The Walkmen The Rat
03 Lykke Li Breaking It Up

os discos internacionais:

04 Scarlett Johansson Anywhere I Lay My Head (#10)
05 Erykah Badu The Healer (#9)
06 Tricky Bacative (#8)
07 Los Campesinos! Miserabilia (#7)
08 Omara Portuondo O Que Será (À Flor da Terra) (#6)
09 Cat Power Song to Bobby (#5)
10 B.B. King Midnight Blues (#4)
11 Jazzanova Rockin' You Eternally (feat. Leon Ware & Dwele) (#3)
12 Portishead We Carry On (#2)
13 Thievery Corporation Vampires (#1)




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emitido a 16 Dezembro


#1: Thievery Corporation - Radio Retaliation (discos 2008)




Thievery Corporation - Radio Retaliation

"tudo no disco é denunciado, tudo é dito com megafone em punho. Ou não fossem os primeiros segundos ocupados por uma sirene a anunciar 'Sound the Alarm', tema repartido com Sleepy Wonder, rapper dividido entre Nova Iorque e a Jamaica"

"em 'Mandala', ouve-se a cítara da indiana Anoushka Shankar, num dedilhado que faz mais por aproximar o Ocidente do Oriente do que qualquer tratado internacional"

"outra presença feminina pertence à cantora e violinista eslovaca Jana Andevska que nos deixa agarrados à sua 'Beautiful Drug', numa tripe assombrosa de jazz planante e rendilhado downtempo"

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29/12/2008

28/12/2008

#3: Jazzanova - Of All the Things (discos 2008)




Jazzanova - Of All the Things

"cantada por um melodioso Thief, 'Lie' é uma canção pop com um tapete de cordas e minúsculas programações a amparar as palavras"

'Little Bird' martela teclas com pantufas para acolher um José James que há muito anda a conjugar o jazz e a soul, numa voz que sai como um sopro mas arrasa como um tsunami

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Amy Winehouse - Frank & Back to Black




Amy Winehouse - Frank & Back to Black

Há vozes que deviam ser conservadas como peças de museu. Mas a biologia diz-nos que à voz está agarrado um corpo e ao corpo estão agarrados vícios. Da voz de Amy Winehouse já se disse quase tudo, agora não se diz quase nada. Diz-se mais sobre o abuso de substâncias e como ele está a afectar a sua prestação em cima do palco e dentro do estúdio. No que realmente interessa, Winehouse pertence a essa nova geração de vozes brancas que cantam como se fossem negras. Aí, está ao lado de Alice Russell, Duffy e Joss Stone, por exemplo.

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Blog da Semana: (eter)




Blog da Semana: (eter)

O (eter) começou por ser um espaço que recuperava "discos antigos esquecidos, versões curiosas, gravações obscuras" e novidades menos expostas. Segundo o seu autor, que se identifica apenas pelas iniciais CJ, passados dois anos, o blog fala sobretudo do produto novo, acabado de sair. Sociólogo de formação e enólogo de profissão, CJ tem um modo muito particular de entender a música: "é, mais que um prazer, uma necessidade em todas as culturas e civilizações que existem ou existiram".

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27/12/2008

#92: Wildlife! na cabine do Coffee Breakz




Wildlife!

Já em ambiente de final de ano, a cabine do Coffee Breakz recebe a visita do DJ suíço Wildlife!, que alinha uma mix de uma hora com dancehall, dubstep, electro-punk e ritmos tropicais. A mix inclui revisões de Ghislain Poirier, Modeselektor, Basement Jaxx e até Buraka Som Sistema com Diplo. Para ouvir e puxar o autoclismo a 2008!






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emitido a 9 Dezembro


#4: B.B. King - One Kind Favor (discos 2008)




B.B. King - One Kind Favor

"o toque aveludado, negro como uma noite sem lua, não é senão um exercício de despojamento para recentrar atenções na forma mais tradicional de tocar blues"

"B.B. King nunca perde a elegância nem a subtileza vintage de soar clássico e moderno na mesma nota"

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26/12/2008

James Brown - Cold Sweat




James Brown

Se o velho Scrooge fosse vivo fora das páginas do conhecido romance do século XIX, escrito por Charles Dickens, teria hoje ainda mais razões para odiar o Natal. Esta quadra tem tido o mau gosto de nos roubar pessoas queridas do mundo das artes. Há dois dias, desapareceu Harold Pinter, aos 78 anos, vítima de um cancro no esófago. O encenador Jorge Silva Melo disse do dramaturgo britânico que morria "um dos maiores poetas do teatro".

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esmolas

O meu muito obrigado a todos os lisboetas que, esta manhã e na véspera de Natal, ficaram em casa. O "commute", como lhe chamam os nova-iorquinos, foi hoje muito menos penoso. Até havia lugares sentados no metro! Fiz questão de fazer a Avenida da República a pé, entre a estação de Entrecampos e o Saldanha, para sentir o friozinho do Natal na cara. A meio, vi um outdoor a anunciar a nova temporada do Prison Break. (A minha irmã mais nova diz sempre, muito simpaticamente, que eu fico parecido ao tipo da série quando rapo o cabelo com máquina quatro.) Parei num café com nome italiano para tomar o pequeno-almoço. À porta, uma velha sentada no chão da rua, com ar acabado, a sacudir uma lata de esmolas e a desejar bom Natal aos que passavam. É uma estudada estratégia de marketing de quem sabe que as pessoas ficam escrupulosamente mais generosas no Natal. Resultou comigo.

dormir

Tenho insónias quase todas as noites. Durmo pouco, mesmo muito pouco. Desconfio que a minha vida seria bem melhor e o meu discurso mais articulado se dormisse um bocadinho mais. Nas horas que passo sem dormir, leio, oiço música, vejo filmes ou escrevo estas coisas que agora parecem importantes mas que me envergonham quando o dia se levanta. Às vezes, sinto-me como Travis Bickle, a personagem de Robert De Niro no Taxi Driver, que começou a conduzir táxis durante a noite porque não sabia o que fazer a essas horas em que não dormia. Um dia, faço o mesmo. Claro que eu não poderia ser mais diferente dele mas percebo-lhe a ansiedade.

Taxi Driver

Nestas noites de insónia, só me apetece mesmo pegar no carro e conduzir sem rumo, com um CD de Burial no auto-rádio. Aquelas produções frias e urbanas fazem todo o sentido para quem não dorme.

Burial

#5: Cat Power - Jukebox (discos 2008)




Cat Power - Jukebox

Há quem não perdoe a Chan Marshall uma certa resistência em escrever canções novas. Mantém-se essa tendência, já ensaiada em The Covers Record, de ir buscar temas dos outros. Jukebox é uma belíssima caixa de música, em que Cat Power torna seus originais de gente como Hank Williams, Lee Clayton e Joni Mitchell. É comovente o modo como ela canta James Brown em “Lost Someone” e Bob Dylan em “I Believe in You”. A este, ela escreve uma bonita carta de amor, “Song to Bobby”. Essa é a única canção nova a sair-lhe dos lábios e dos dedos, já que a outra que caberia nessa definição é uma versão de cabaret para a sua “Metal Heart”. A edição especial tem outro disco com mais cinco versões, incluindo “Naked, If I Want to” (e quem não gostaria que ela quisesse?) de Jerry Miller e “Breathless” de Nick Cave. E se Chan Marshall é bonita todos os dias, fica ainda mais bela quando canta em espanhol, como faz em “Angelitos Negros”. Convém ir ouvindo isto enquanto ela ainda está entre nós.

(texto publicado na lista dos melhores discos internacionais do Bodyspace)


25/12/2008

#6: Omara Portuondo - Gracias (discos 2008)




Omara Portuondo - Gracias

"é definitivamente um disco de Outono ou, quando muito, de fim de estação, de reunião à frente da lareira e de contos de ninar, como no comovente 'Cuento Para un Niño', composição crua e económica, feita somente de cordas e voz"

"ao cair do pano, 'Nuestro Gran Amor' assoma aos ouvidos como a peça mais delicadamente jazz do álbum, muito por causa do baixo cubano de Cachaíto López e das teclas igualmente cubanas de Chucho Valdés"

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23/12/2008

revoluções

O meu pensamento político é desalinhado. Porque é bom ser desalinhado num mundo que nos puxa constantemente para o buraco negro do pensamento único. A TVI e a RFM são dois bons exemplos dessas pulsões estupidificantes. O meu pensamento político é, portanto, desalinhado. Escrevo isto com um sorriso triunfante no rosto. Não o podes ver agora mas ele está aqui. Mas se é assim o meu pensamento, ideologicamente alinho-me (ou desalinho-me) mais à esquerda. Há, no entanto, uma coisa que me irrita como poucas: o esquerdismo chique, protagonizado pela maltinha do Bloco, que agora se engalfinha para colocar os rabinhos nas cadeiras quentes do poder. Há mais: há, por exemplo, a Natura que, sendo uma loja, gosta de se passar por qualquer outra coisa que não uma loja, essa vil cuspidela do capitalismo que ela finge denunciar. Fá-lo através de frases idiotas ou slogans viciados mil vezes. O que raio vem a ser, afinal, a "Christmas Revolution" que eles estampam nos sacos por esta altura? O que é isso da revolução do Natal? Será que os produtos que a Natura comercializa são, na realidade, disfarçados mosquetes que devem ser usados quando o cliente se vir mais à rasca, no calor da revolta? E onde vai estalar a revolução? No quartel do Carmo? Na Quinta da Atalaia? Então e a noção do ridículo, por onde anda ela?

Declaração de interesses (que devia estar lá em cima): gosto de entrar na Natura. Essencialmente porque cheira bem. Não vou deixar de o fazer. Nem de me desalinhar à esquerda.

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Já não há paciência para a merda da crise! Inventem outra desculpa para nos continuarem a explorar. Sempre é mais adulto. Não falta quem nos diga que no próximo ano é que vai doer. Que o tempo não é para brincadeiras. Não duvido que 2009 vai ser mau, com o aumento do desemprego, as falências nas fábricas, as famílias desesperadas, a agitação social. Qualquer idiota que demora os olhos mais do que dois minutos nos títulos de jornais percebe isso. Agora não me tirem a vontade de brincar. Aguentem-se que eu também me aguento e não é por isso que ando por aí a maltratar os outros! Nunca como agora a brincadeira foi (e será) tão importante!

#8: Tricky - Knowle West Boy (discos 2008)




Tricky - Knowle West Boy

"já não estamos perante um "Maxinquaye", o primeiro disco de 1995, uma espécie de clássico instantâneo junto da crítica e do público, que saiu quando o trip-hop era ainda uma criança"

"ele continua capaz de escrever grandes canções que, num tom arrastado e insinuante, se revelam pequenos hinos ao amor: é assim com 'Past Mistake', um daqueles temas que fazem parar os ponteiros do relógio de tão belos e convidativos à contemplação"

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22/12/2008

Sobre comboios




A propósito do post de um blog amigo, lembrei-me de escrever esta inutilidade: em Portugal, os comboios não partem de, são procedentes de. Também não entram na linha x, dão entrada na linha x. Gostamos de complicar, é uma coisa nossa. É uma causa nossa.


#9: Erykah Badu - New Amerykah: Part One (4th World War) (discos 2008)




Erykah Badu - New Amerykah: Part One (4th World War)

Erykah Badu é muito provavelmente a mais interessante herdeira de vozes como Billie Holiday e Nina Simone. E nesta primeira parte da sua New Amerykah, Badu passeia o perfume soul dessa tradição e absorve o hip-hop das ruas de Brooklyn, onde tem um apartamento que, no início do ano, abriu ao jornal New York Times. Este disco é tão bom que a ideia de ver Erykah Badu arrumar as botas para a música, como se chegou a temer, arrepia. A sua Quarta Guerra Mundial é um ensaio cheio de estilo, com oradores como Madlib em “The Healer” (uma ensombrada fábula que mete curandeiros), Shafiq Husayn e Om’Mas Keith, ambos do trio Sa-Ra, em grande parte do disco e outros suspeitos do costume. Badu apura o seu pensamento social em “Soldier”, onde fala do Islão e do crime racial, e em “Twinkle”, um tratado sobre os buracos nos vários sistemas norte-americanos. E há ainda “Telephone”, uma bonita homenagem a J Dilla, escrita um dia depois da despedida ao malogrado produtor. É disco para ouvir até riscar.

(texto publicado na lista dos melhores discos internacionais do Bodyspace)


21/12/2008

Willie Deadwilder

Neste final de ano, tenho ouvido esta música obsessivamente, quase como uma oração. Tem mais de 18 minutos mas não me custa. Porque és tu a cantar. Acho que é uma boa forma de te prestar homenagem, a ti que neste 2008 passaste mais tempo comigo do que qualquer outra pessoa. Nem me atrevo a somar as horas que "gastei" a ouvir-te. Obrigado.



Willie Deadwilder and Rebecca
They knew that they loved one another
He said fuck this cabby life
She said fuck this old trailer
He said I want you for my wife

Willie Deadwilder and Rebecca
They saw the same things at once
They shared the kind of stuff everybody dreams of
Finding out about, it's all about love

Willie Deadwilder and Rebecca
They got a few more years to go
Gonna have some good old times
No more sad, sad bad times
It's all that they've been waiting for
Someone to knock at the door
I tell you there are some people living alone
There are some people with nowhere to go
There are some people who don't believe in love
But Willie and Rebecca prove them all wrong

First time I saw him he smiled at me
And the first time I saw her she was beautiful
Sixty-two plus forty-six equals one hundred and eight
Possible years they'll live long to
That's almost half of the rest of his life
That's over half for her

Willie was shot once in his mind
His cry out saved his life
Second time through the heart
The doctor pulled the bullet from inside
He had a job to do, he thought
That's his way of life
To take that car and pick her up
To be a man for her
Broken down and cut in two
She had been married for most her life
Now she's finally free for awhile

Long enough to see this man and what he means
When he tells her that God in on his side
No matter what, and will you marry me

Willie Deadwilder and Rebecca
They want to live a life
I wish I had a million dollars
So we could throw it all away
I wish I had a million dollars
So we could light it aflame
I wish I had one million dollars
So we could spend it every day

I'm on the same side as you
I'm just a little bit behind
And please don't bring me down
Please don't let me go

I'm looking for a new kind of thing
A place that makes my heart sing
Another question answered from above

Please don't let it worry you now
Please don't let it worry you now
I've seen inside your heart and soul
It's beautifully jacketed
An open hand and a mind to lend
There's nothing more romantic
Than a distant place behind your smile
Tells my eyes that I am coming home
Please don't bring me down
Please don't let me go

My heart is a worried thing
Memories have planted
Seeds of a field I now want to reap and sow
Maybe when i'm sixty-two, maybe when i'm forty-six
Maybe when i'm thirty-two maybe the next time I see you
We will have our universe for the first time, again
Rings around our sweet friendship
Will tear up in into a run
Galloping forever more until tomorrow is gone

I deeply say to you now
I deeply say to you now
I deeply say to you now
There's another question answered from above
You're the kind of friend of mine I never had
You're the kind of love I had that I never thought there was
Saint saint saint saint Augustine
Far far far away Georgie Koontz (?)
We gotta stake this thing out
We gotta laugh the whole day through
We gotta live the way that we want to

As long as God is willing, I am too
And as long as you are here, I am too
As long as he and she can forgive and love again and still love us too
You take my heart and you give it to me
You show me love i've never seen
You take my heart and give it to me

When Dylan sang Ramona in the taxi that night
I knew it right away would either be hard or be right
'Cause I'm not Ramona, and you didn't write that song
'Cause you're not Dylan, and I know we really do get along
Get along and get on with what it is you got to do
Go on get along with whome'er you choose
This is your life
But if God is willing, then I'm willing too, oh
I'll be in the front, back and side of you
Just many happily waiting for you
Saint saint saint saint saint Augustine
Far away far way Georgie Koontz (?)
You know what it is
You know what it is you got to do

A young little girl named Jennifer gave me a turquoise ring
A native sentiment of joy love and peace, I thank you for this ring
It's beautiful to me
A lady future journalist gave to me a lucky sweater of white
Stains she had since eighteen, amazing that she did that
It would have been hard to do for me

A man named John wrote a song for me to sing
Also the most unbelievable flowers I have ever seen
He is a very good man
And he has been an even very good man to me
I hope that one day that song I will sing
Another love named Jennifer gives her care to me
A radiant heart with holy power, she believed in me
And with that gift I cry right now
But a memory of her laughing kills the beast

Another love I still love, a familiar face to me
A standing arch above my heart I've never been to reach
He's laid my head on the bed
And told me Sweet, I'm not crazy like the others say
No he's not crazy like me

This is a four hour song
And it will go on and on
A moment in time traveling on even if it is too long
I don't care
I love to share
I love to sing along
I know you do too
Feel the same way so come along
Sing your song
It's all that you have to do

I'm looking for that kind of mind
I never thought i'd find
I'm looking for that kind of love
I never thought was real
I'm looking for your heart
My dear are you
Looking for me
Please don't bring me down
Please don't let me go

With your love I have foothold
I can carry on
But please don't let me worry you now
Please don't let me worry you now
There's nothing i am saying
That could ever be made wrong
I love you, love you so
I love you so strong
Please remember your heart in me
Please remember it's not anatomically correct
Please know there's no boundary
And if God is willing to protect
Our love, a world of love
I think you'd be willing too

Where are you from
And where are you going to
We have so much to do
Where you are going is
Where you do come from
And where i will be is with you
We have so much to do
We have so much to do
We have so much to do
Hurry, hurry, hurry let's go
Hurray, hurray, things are gonna be okay
Hurry, hurry let's go
All them children are waiting
It's time and they are ready
We got so much to do
And if God is willing
We have got so much
We have got so much


- Chan Marshall

The Murder City Devils - 364 Days




The Murder City Devils

Os Murder City Devils são um produto de hardcore de inspiração garagista, nascido em Seattle, nos Estados Unidos. Foi também na cidade maldita que foram a enterrar, num concerto memorável na noite de Halloween de 2001. Nos anos seguintes, foram reaparecendo episodicamente como zombies e até se fala, à boca pequena, de mais uma reunião no próximo ano. Para a história da primeira vida dos Devils, interessa reter que este EP "Thelema" foi o último estrebuchar do bicho.

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Blog da Semana: Vai uma Gasosa?




Blog da Semana: Vai uma Gasosa?

O blog desta semana é um projecto recente, iniciado em Novembro, mas que já assumiu uma missão clara. Além de um espaço que se debruça sobre a música e as artes plásticas, Vai uma Gasosa? apresenta um mapa de salas de concertos e espectáculos em Portugal. Esse mapa está em constante actualização, contando com cerca de 210 salas de norte a sul e também nas ilhas.

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#10: Scarlett Johansson - Anywhere I Lay My Head (discos 2008)




Scarlett Johansson - Anywhere I Lay My Head


20/12/2008

19/12/2008

O Rappa - 7 Vezes




O Rappa - 7 Vezes

O Rappa tem todos os ingredientes para alimentar tanto os circuitos alternativos como os mais comerciais da imprensa brasileira. Começou por ser uma banda formada em cima do joelho para acompanhar o cantor jamaicano Papa Winnie, nas suas actuações no Brasil em 1993. Gravou e misturou o primeiro disco com Dennis Bovell, que sempre acompanhou o poeta dub Linton Kwest Johnson.

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Diego El Cigala - Dos Lágrimas




Diego El Cigala - Dos Lágrimas

No trânsito entre a Europa e a América Latina, o Atlântico testemunha, há longo tempo, dos mais bonitos diálogos culturais que a humanidade foi e é capaz de produzir. Por razões históricas e outras, o diálogo entre Espanha e Cuba tem merecido os mais sinceros aplausos. Essa conversa faz-se, as mais das vezes, ao ritmo do flamenco ou do tango. E desde que Ry Cooder reuniu o Buena Vista Social Club (e Wim Wenders o filmou), o mundo está mais disponível para uma certa latinidade à flor da pele.

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#12: Gang Gang Dance - Saint Dymphna (discos 2008)




Gang Gang Dance - Saint Dymphna


18/12/2008

#13: Nas - Nas (discos 2008)




Nas - Nas

"Nas volta a fazer sentido fora dos limites de Nova Iorque, depois de anos a atravessar um deserto de ideias em que pregou essencialmente aos peixes"

"o discurso de mudança vem de um homem que, se os astros se alinharem, será o primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos. É sobre isso que Nas canta em 'Black President', num relato mais desassombrado do que o resto do álbum"

actualização: Confirmou-se Barack Obama como o próximo Presidente dos EUA e, a partir de Janeiro, o mundo pode voltar a respirar. Respirar é preciso e é importante. Sinto um indizível prazer quando a América dá uma lição assim ao resto do mundo. Sou europeu e gosto muito disso. Mas a atitude da Europa em relação à América é, por vezes, de uma vergonhosa arrogância. Faz-me imensa comichão o anti-americanismo primário! Só comparável, na realidade, aos sentimentos mais primários dos americanos que, movidos a dólares, petróleo e uma cega deriva securitária, invadem um país e lançam bombas sobre cabeças inocentes. Nunca entendi como se pode malhar (e bem) no Bush e dar palmadinhas ideológicas nas costas de Che Guevara ou Pol Pot... Os três mostraram um olímpico desrespeito pela vida humana. Não sou propriamente cinturão negro em coerência mas faz-me confusão! E depois, vamos falar de fundamentalismos? Comecemos pois pelo quintal da nossa casa!

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17/12/2008

Pastagens do Céu

Estou a ler "Pastagens do Céu" de John Steinbeck (1902-1968), um livro com 76 anos mas que envelheceu muito bem (os livros também ficam velhos e amarelos como as pessoas). Steinbeck tem uma escrita prenha de ritmo, tem aquela capacidade que a cultura anglo-saxónica de crítica literária chama de "page-turner". Aqui, ele desfia contos de decadência, percorridos por uma ironia requintada e uma ruralidade deliciosa (mesmo para quem, como eu, tem pavor e se sente oprimido em lugares pequenos). Se eu tivesse nascido no campo e não houvesse qualquer hipótese de fugir, teria sido escritor. Estou certo disso. Este é o Steinbeck, um escritor californiano, claramente influenciado pelas letras russas e existencialistas de Fiódor Dostoiévski:

John Steinbeck

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Hoje prometi que não ia falar sobre a candidatura de Santana Lopes à Câmara Municipal de Lisboa. Por isso, não falo sobre a candidatura de Santana Lopes à CML.

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Fico em estado de semi-choque quando vejo uma mulher bonita a andar de autocarro ou metro. Assalta-me sempre este pensamento infantil: "Mas porquê? Não podes simplesmente levantar voo?!" Felizmente para todos, fico de bico calado. Ainda que me dê particular gozo tornar o dia das pessoas mais surreal do que um quadro do Dali. É uma qualidade que tenho. A outra é ser capaz de escrever longamente sobre coisas inúteis. Cada um com a sua especialidade. Mas a verdade é que me aborreço de morte.


#14: Nneka - No Longer At Ease (discos 2008)




Nneka - No Longer At Ease

"esta supa sista tem consciência política, como se pode conferir em 'Streets Lack Love', 'Focus' ou mesmo no single 'Heartbeat'. Porque até uma canção de amor pode ser política"

"um disco de síntese de várias linguagens, da cadência abrasadora dos beats africanos (aqui e ali atravessados por teclas e pelo menos um ukelele) à fria matemática das técnicas modernas de estúdio, com programações ricas mas nunca gordurosas"

Texto completo


16/12/2008

bangalore, índia







ana de amsterdam




a ana de amsterdam é uma mulher que eu não conheço. mas sigo-lhe o blog porque me interessei pela escrita dela desde que me foi apresentado por um colega do trabalho. o que sei sobre ela é o que vai revelando no blog. não sei muito: sei que nasceu na índia, vive em lisboa, trabalha na área da justiça (acho que como jurista mas não tenho a certeza), é mãe de pelo menos dois filhos. e, acima de tudo, escreve com uma honestidade brutal e desarmante. é isso que me fascina! mas também sei, como ela não desconhecerá, que só o faz porque escreve sob anonimato. ninguém consegue ter aquela escrita honesta (sobre a brutalidade da maternidade, por exemplo) e assumir o mesmo nome que tem nos registos... ah, e gosta de chico buarque, como se pode perceber pelo nome do blog.


"és cristão?"

foi no sábado, ao início do final de tarde. e eu escrevo isto como se o destino de metade da população mundial dependesse destas linhas. não depende, claro! quando chegares lá à frente, ao último ponto final, percebes que não. que tudo não passa de coisa nenhuma, esses pequenos nadas que inventamos para dar mais sentido a estes dias. adiante, então! era sábado, naquela altura em que começa o fim de tarde, e eu estava a atravessar um dos parques de estacionamento do técnico. um tipo da minha idade (talvez um pouco mais velho, talvez um pouco mais novo) dirigiu-se a mim e perguntou "és cristão?". respondi logo: "não, não tenho tempo para isso!". fiquei a pensar no que ele teria ficado a pensar. que eu não tinha tempo para ser cristão? ou que, mesmo podendo ser cristão, não tinha tempo para falar sobre isso? não fui incorrecto com ele, mas fiquei com a sensação de que tinha secura na voz quando lhe falei. arrependo-me sempre quando respondo com essa irritante secura na voz. arrependo-me todos os dias.


#15: The Bug - London Zoo (discos 2008)




The Bug - London Zoo


Mrs Jynx - The Standoffish Cat




Mrs Jynx - The Standoffish Cat

2008
Planet Mu

Mais uma tentativa de acordar a besta adormecida do IDM. Um disco que não é deste tempo nem deste planeta. E ainda assim, que bem que se está no campo!

Com a profissão de pastor cada vez mais remetida para a memória de outros tempos, é interessante perceber que é a electrónica o melhor pasto de recriações desses cenários rurais. Tratando-se de uma estreia, este The Standoffish Cat é também uma garantia de que Mrs Jynx dificilmente terá de dedicar-se ao bordado inglês, ao ponto cruz, a ordenhar vacas ou a qualquer outro mister do campo.

O IDM, essa entidade que pretendeu catalogar uma música de dança mais académica, está morto e enterrado. Mas há na electrónica apontada ao cérebro uma vocação de paramédico para tentar trazer à superfície o perfume dos pioneiros Aphex Twin e Autechre. Tudo tentativas inglórias, claro, porque a besta está adormecida há tempo a mais para desejar voltar agora à frieza glaciar dos discos. A editora Planet Mu tem tentado reanimar essa electrónica sem face com uma vontade e dedicação férreas.

Nos últimos anos, os casos mais felizes dessa morada são os de edIT, Hrvatski, Boxcutter, Luke Vibert e, com alguma boa vontade, dos Venetian Snares também. Mas nenhum deles produziu nada suficientemente forte para enformar uma cena. Nem isso se espera de Mrs Jynx, a persona artística de Hannah Davidson, natural de Manchester, mas louva-se o bom gosto na hora de produzir beats que fazem a ligação directa entre o laptop e os neurónios.

As imagens pastorais vêm-lhe das miudezas de produção, de uma electrónica microscópica que pode ter nos Múm uma influência remota. E escrevemos “remota” porque a verdadeira filiação desta música está no tecno ambiental minimalista, que sobreviveu aos anos 90 ainda não sabemos explicar bem como.

Ao ouvir o ensaio paisagístico que é “Dusty”, a canção de ninar electrónica que é “Pillow” ou mesmo a maratona de Tetris que deve ter inspirado “Vlodrum”, é impossível não pensar que este disco ia dar-se bem nos anéis de Saturno. Isto é música de poeira cósmica que a Terra deixou de engolir há uma boa década. Também pela ousadia estas canções merecem ser ouvidas. E que bela é a vida no campo com discos assim!

http://www.bodyspace.net/album.php?album_id=1454


15/12/2008

Maria João & Mário Laginha - I've Grown Accustomed to His Face




Maria João & Mário Laginha

O factor novidade tem uma enorme influência na elaboração das listas de fim de ano. E, por vezes, comete-se a injustiça de ignorar alguns projectos consolidados, como é o caso da colaboração de 25 anos entre Maria João e Mário Laginha. "Chocolate", o 12º título na discografia do duo, é um brilhante álbum construído de standards e temas originais.

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Katia Guerreiro - Fado




Katia Guerreiro - Fado

Katia Guerreiro é médica e isso é tudo menos irrelevante quando se fala da sua música. Nascida na África do Sul, criada nos Açores, licenciada em Lisboa e iniciada na profissão em Évora, desde a estreia em 2001, com "Fado Maior", que cultiva um trabalho lírico muito cuidado. Katia cantou e canta alguns dos maiores escritores da língua portuguesa, desde Florbela e Sophia a Lobo Antunes. E isso tem muito de terapêutico e medicinal.

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#16: Beach House - Devotion (discos 2008)




Beach House - Devotion


14/12/2008

#17: Lykke Li - Youth Novels (discos 2008)




Lykke Li - Youth Novels


#91: A soul neoclássica dos Jazzanova




Jazzanova



Download MP3


Os Rollana Beat mostram, no início deste Coffee Breakz, por que foram um projecto nacional cultor de samples e loops. Depois há outra recordação, dos grandes De La Soul, na semana em que passam pelo Casino Lisboa.

Mas o destaque maior vai para o regresso dos Jazzanova. Quando todos esperavam mais um estafado disco de elevador e suite presidencial, o sexteto de Berlim serve um luminoso disco soul.

01 Rollana Beat All Numbers
02 De La Soul Ring Ring Ring (Ha Ha Hey)
03 D. Lissvik Track 6
04 Genghis Tron City Whipped (Subtle remix)

05 Jazzanova
5.1 So Far From Home
5.2 Rockin' You Eternally
5.3 Dial a Cliché

06 Frightened Rabbit Last Tango in Brooklyn
07 The Crayon Fields Mirror Ball
08 My Brightest Diamond Tainted Love
09 Deerhunter Octet (Simian Mobile Disco Re-Edit)
10 Dances With White Girls Everyone's Got to Make a Living
11 Balla Construí uma Mentira (feat. Valete)

emitido a 2 Dezembro