09/09/2008
The Act-Ups - Play the Old Psychedelic Sounds of Today
Os Act-Ups são uma banda do Barreiro a fazer barulho desde 2001. O som deles é sujo e directo, aliando a soul encorpada dos Zen Guerrilla à pose glam dos Black Halos. Estes são dois nomes da história recente do garage e do punk que vêm à cabeça quando ouvimos "Play the Old Psychedelic Sounds of Today", ainda que possam não ser influências directas para os Act-Ups. O título do disco não engana: eles são nobres executores da reciclagem sonora, retirando da classe de 70 a vontade de mudar o mundo em três minutos.
Ao terceiro disco, os Act-Ups conseguem soar fresquinhos mesmo que a cartilha punk que seguem já tenha amarelecido com o passar dos anos. É, de resto, nesse passado que não envergonha mas engrandece que eles encontram abrigo. Neste sentido, não são uma banda deste tempo, dominado por música servida em saquetas expresso, antes um excelente pretexto para tentar recuperar essa forma de estar no mundo. Há uns 20, 30 anos, formar uma banda punk significava vociferar a uma sociedade dormente e querer partir tudo ao pontapé. Agora não, agora tudo é mais seguro, é muito mais rede do que trapézio.
Ouvir os Act-Ups em 2008 é acreditar ainda na força explosiva e mobilizadora do punk (e da música). A voz de Nick Nicotine é como um despertador na mente, sobretudo nos temas mais curtos e frontais como 'Pride & Desperation' e '64 Stabs'. As três guitarras e o jogo de percussão despejam gasolina num fogo ateado pelo poderoso single 'Alive Again' e pela latinidade à Clash de 'Rumba Los Chicos'. As linhas do baixo de Tony Fetiche aguentam bem o desatino cortante de 'I Always Knew Your Game Was Wrong, Girl', mas é o fuzz de Johnny Intense que não deixa pedra sobre pedra quando o tema acaba.
A última faixa 'Sad Eyes', que se arrasta por uns surpreendentes oito minutos, tem o acordeão de The Drunk Reporter, tem Pistol Pete a chegar-se à frente na voz e até tem pandeireta. É um tema que parece feito de restos e colagens à boa maneira punk de outrora. Se na primeira metade há alguma coerência assente na pirâmide calma-ruído-calma, a partir da marca dos quatro minutos, o espírito é de jam session e autêntica libertação criativa. Que, mesmo assim, eles não se tenham perdido em amostras balofas de virtuosismo prova que destes Act-Ups ainda podemos esperar muito.
http://cotonete.clix.pt/quiosque/novos_discos/body.aspx?id=390
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