19/09/2008

Produtores: Mapa do Tesouro

Produtores: Mapa do Tesouro














Os produtores de música não se medem aos palmos. Mas o número de edições em que vão participando e a respectiva carreira comercial pesam muito na hora de os requisitar ou dispensar. Por exemplo, não é exactamente o mesmo trabalhar com um Sixtoo ou com um Timbaland. O primeiro é um produtor canadiano com um respeitável culto mas ainda relativamente obscuro para as massas. O outro tem um inesgotável currículo de participações em discos de artistas tão diversos como Justin Timberlake ou Björk.

Ainda que não o saiba, qualquer cidadão do mundo, munido apenas de um pequeno rádio, já ouviu uma produção de Timbaland. Está na moda colaborar com ele mas não é certamente pelas tendências da estação que o produtor está em quase tudo o que mexe. Senhor de uma assinatura muito própria, parece ter uma receita de sucesso para cada tema que produz. Com ele, Justin Timberlake passou de besta a bestial. Mesmo quem embirre com o miúdo não pode deixar de notar o profundo abismo que existe entre os tempos dos *NSYNC e de “FutureSex/LoveSounds”, o álbum a solo de 2006. O rapaz fez-se um homem e a culpa maior foi de Timbaland.

Entretanto, o mundo da pop levou mais uma volta. A música é agora mais democrática, chega a todos e o difícil é mesmo encontrar uma ilha de silêncio na cidade - simplesmente não existe. A pop já dialoga bem com uma incursão mais ousada de ritmo: já se ouve e vê hip-hop nas televisões do metro, por exemplo. Há uns anos, o género tinha apenas duas saídas: ou se acantonava em guetos mal frequentados e vivia sempre na sombra, ou deixava corromper-se pelas leis do mercado, passando a ver cifrões onde antes via questões sociais.

Produtores como Timbaland ou a dupla The Neptunes souberam fazer a ponte de ligação. Na maior parte das vezes, o resultado é um tema orelhudo, apontado para as rádios, mas que não cai no jogo do mercantilismo primário que só pensa a música como um negócio. A face mais visível do hip-hop (a outra sabemos que permanece fiel às origens) passou a integrar gente que cresceu a ouvir discos e não mais gente programada para ser relações públicas a vida toda. A música sai a ganhar e fica aberto o caminho para a comunicação com outras artes.

Quando, ao virar do milénio, Damon Albarn, Dan The Automator e o criador das tiras de BD Tank Girl apresentaram os Gorillaz, o mundo estava longe de perceber a dimensão do fenómeno. O certo é que, pouco depois, Danger Mouse estava a ser convidado para produzir o segundo álbum da primeira banda hip-hop virtual. É óbvio que algo mudou e mudou muito. A música na era digital já não tem de suportar o peso do mundo e pode até aproximar tribos que viviam de costas voltadas. Os produtores dão uma ajuda preciosa e se hoje entendemos melhor o hip-hop, é sobretudo a eles que devemos os ouvidos mais abertos à novidade.

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