Vergonhoso o texto de Fernanda Câncio no DN de hoje! Já a leio há muito tempo e leio-a com bastante interesse, mesmo quando não concordo com o que escreve. Mas hoje ela puxa de um argumentário reles e desonesto. Tem o mau gosto de falar, no mesmo texto, da pintura "pornográfica" de Braga e de Kuku, morto a tiro, como diz, "por um agente da mesmíssima PSP". Conclui ela que "todo o barulho que se fez a este propósito contrasta com todo o barulho que se não fez quando, a 5 de Janeiro, um rapaz de 14 anos foi morto com um tiro na cabeça". Se bem me recordo, houve bastante barulho sobre esse caso. E ainda bem. Eu até entendo que ela resista em ver censura neste país (acusa-nos aos outros, os que discutem, de ter uma "vontade descabelada de ver fascismo em tudo o que mexe"). Mas parece-me muito rasteiro puxar de sangue para esvaziar a discussão, perfeitamente legítima, sobre os limites que nos são impostos à liberdade. Como se fosse ela a única a discutir aquilo que realmente interessa. Como se se reservasse o direito exclusivo de chorar a morte de um miúdo. Ou então quer ver o país a discutir apenas a faca e o alguidar.
27/02/2009
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