Era sexta-feira na hora de ponta da manhã. O metro percorria as estações entre Entrecampos e o Marquês de Pombal. E, sem que coisa alguma o activasse (além talvez de mais uma noite de sonsa insónia), o meu cérebro começou a produzir este diálogo:
- Não, não, agora a sério, vamos é dinamitar a linha de fronteira com Espanha e deixar afundar este rectângulo de esterco...
- Mas o esterco não afunda!
- Humm, pois... Então, deixamo-lo à deriva no Atlântico!
- E depois?
- Bom, depois talvez um dia ele dê à costa na Venezuela.
- Porquê a Venezuela?
- Ora, porque...
A vida chega-nos e interrompe o sonho. E o sono também.
Quando Beth Orton lançou "Comfort of Strangers", identifiquei-me logo com o título. Sempre senti um enorme conforto entre estranhos. As caras dos desconhecidos têm uma familiaridade que me sossega. Olho para as pessoas, imagino vidas cheias, outras tão vazias que impressiona. Os olhos dos estranhos dizem muito mas escondem ainda mais.
E está quase a chegar:
21/02/2009
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